Após uma reunião de mais de seis horas com representantes de entidades de
caminhoneiros, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun
(Secretaria de Governo), Eduardo Guardia (Fazenda) e Valter Casimiro
(Transportes) anunciaram na noite desta quinta-feira (24) a proposta do
governo de um acordo para a suspensão da paralisação da categoria, que
há quatro dias provoca bloqueios de rodovias e desabastecimento em todo o
país.
Pelo texto do acordo, os representantes das entidades de caminhoneiros
que participaram da reunião (à exceção de um) se comprometeram a
"apresentar aos manifestantes" os termos do acordo. Questionado se, com o
anúncio, haverá normalização da situação, Padilha disse acreditar que a
"qualquer momento” o movimento dos caminhoneiros começará a ser
"desativado”.
No Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) anunciou
redução de 16% para 12% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) do diesel em troca da suspensão do movimento nas
rodovias do estado. Os pontos do acordo
Pela proposta, o governo federal assume os seguintes compromissos:
reduzir a zero a alíquota da Cide, em 2018, sobre o óleo diesel, bem como as necessárias providências decorrentes dessa medida;
manter a redução de 10% no valor do óleo diesel a preços na refinaria,
já praticados pela Petrobras, nos próximos trinta dias, considerando as
necessárias compensações financeiras pela União à Petrobras, no intuito
de garantir a autonomia da estatal;
assegurar a periodicidade mínima de 30 dias para eventuais reajustes do
preço do óleo diesel na refinaria, a partir do preço definido pelo
critério do item b, considerando as necessárias compensações financeiras
pela União à Petrobras, no intuito de garantir a autonomia da estatal;
reeditar, no dia 1º de junho de 2018, a Tabela de Referência do frete do
serviço do transporte remunerado de cargas por conta de terceiro, bem
como mantê-la atualizada trimestralmente, pela ANTT;
promover gestão junto aos estados da federação, para implementação da
isenção da isenção da tarifa de pedágio prevista no art. 17 da Lei nº
13.103, de 2015 (não cobrança sobre o eixo suspenso em caminhões
vazios). Em não sendo bem sucedida a tratativa administrativa com os
estados, a União adotará as medidas judiciais cabíveis;
editar medida provisória, em até quinze dias, para autorizar a Conab a
contratar transporte rodoviário de cargas, dispensando-se procedimento
licitatório, para até 30% de sua demanda de frete, para cooperativas ou
entidades sindicais da categoria dos transportadores autônomos;
não promover a reoneração da folha de pagamento do setor de transporte rodoviário de cargas;
requerer a extinção das ações judiciais possessórias, ou de qualquer
outra natureza, propostas pela União em face das entidades relacionadas
com o movimento paredista de caminhoneiros de que trata este termo;
informar às autoridades de trânsito competentes acerca da celebração do
presente Termo, para instrução nos eventuais processos administrativos
instaurados em face das entidades ou de seus associados em decorrência
de atos praticados no curso do movimento paredista;
manter com as entidades reuniões periódicas para acompanhamento do
adimplemento dos compromissos estabelecidos neste Termo, ficando desde
já estabelecido o prazo de quinze dias para a celebração do próximo
encontro;
buscar junto à Petrobras a oportunização aos transportadores autônomos à
livre participação nas operações de transporte de cargas, na qualidade
de terceirizados das empresas contratadas pela estatal;
solicitar à Petrobras que seja observada a Resolução/ANTT nº 420, de
2004, no que diz respeito à renovação da frota nas contratações de
transporte rodoviário de carga.
Caminhoneiros
Pelo texto da proposta de acordo, os representantes dos caminhoneiros se
comprometem a "apresentar aos manifestantes" a proposta.
"As entidades reconhecem o empenho do governo federal em buscar soluções
para atender às demandas das categorias representadas pelas entidades,
bem como se comprometem a apresentar aos manifestantes o presente termo
para a suspensão do movimento paredista por 15 dias, quando será
realizada nova reunião com o governo federal para acompanhamento do
adimplemento dos compromissos estabelecidos nesse termo", diz o texto.
Por parte das entidades em greve, assinaram a proposta de acordo:
Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA)
Confederação Nacional do Transporte (CNT)
Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens)
Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Distrito Federal (Sindicam-DF)
Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg)
Federação Interestadual dos Transportes Rodoviários Autônomos de Cargas e Bens da Região Nordeste (Fecone)
Federação dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetramig)
Federação dos Transportadores Autônomos de Carga do Espírito Santo (Fetac-EC)
De acordo com o ministro Eliseu Padilha, a única entidade que não assinou foi a União Nacional dos Caminhoneiros.
Petrobras
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, informou que o preço definido
para o diesel pela Petrobras na quarta será mantido por 30 dias. A
estatal anunciou redução de 10%, sem reajuste por 15 dias."O preço
ficará fixo nesse patamar que foi definido pela Petrobras por 30 dias. A
Petrobras está oferecendo os primeiros 15 dias e a partir do 16º dia
isso será pago pela União”, disse Guardia.
O ministro explicou que, após 30 dias, o valor do diesel será reajustado
com base na política de preço das Petrobras. Por mais 30 dias, não
haverá reajuste.
Guardia afirmou que a União vai compensar a Petrobras, contudo, o
impacto nas contas públicas vai depender da oscilação do dólar e do
valor do petróleo. A Petrobras estimou, segundo Guardia, em R$ 350
milhões o impacto pelos 15 dias com redução de preço no diesel, sem
reajuste.
Apelo
O ministro Padilha fez um apelo aos caminhoneiros para retomarem as
atividades.Ele disse mencionou a dificuldade para a entrega de
medicamentos a hospitais e de produtos aos supermercados."Nós precisamos
que todos vocês, caminhoneiros, retomem a atividade. O Brasil precisa
de vocês”, afirmou.
Fonte: G1 |