Centenas de trabalhadores do Complexo Industrial Ford Nordeste pararam as atividades na manhã desta terça-feira (20) para protestar contra supostas demissões em massa na companhia. O grupo saiu da sede da empresa, que fica no bairro Copec, em Camaçari, por volta das 7h30, acompanhados de carro de som e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. A paralisação das atividades é de 24 horas.
Eles caminharam até Rua do Telégrafo, no Centro, onde fica a Cidade do Saber - local escolhido para lançar um programa de capacitação para estudantes da rede pública com as presenças do governador Rui Costa e o presidente e vice-presidente da Ford Brasil e Mercosul, Steven Armstrong e Rogélio Golfarb.
Segundo o presidente do sindicato, Julio Bonfim, o objetivo do protesto é encontrar com os chefes da Ford e o governador para apresentar as reivindicações e garantir que nenhum funcionário seja dispensado. O sindicato estima que mais de quatro mil funcionários participaram da manifestação.
"Houve um anúncio de que 692 funcionários serão demitidos. Sendo que 500 são da fábrica da Ford e 192 das autopeças. Além disso, há 700 trabalhadores que prestam serviço terceirizado pela empresa DHL e serão dispensados com o fim do contrato", disse o sindicalista.
Ainda de acordo com Bonfim, o contrato com a empresa acaba no dia 6 de dezembro e sindicato quer que esses trabalhadores sejam contratados pela Ford. "Já reunimos fichas de inscrição de todos esses trabalhadores, mas, até agora, eles não deram nenhum posicionamento. Estão jogando para novembro, mas queremos saber antes disso. São centenas de pais de família", explicou.
Ainda na manhã desta terça-feira, o governador recebeu comissão formada por funcionários da Ford. No encontro, ficou definido que uma comissão formada pela empresa, pelo Governo do Estado e por funcionários seria criada para discutir a situação dos trabalhadores, entretanto não foi definido um prazo. "Acredito que amanhã já seja definida uma data", informou Bonfim.
Em nota, a Ford confirmou a paralisação dos funcionários na sua fábrica, em Camaçari e afirmou que está em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. "A empresa reitera que está em negociação com o sindicato para, de forma conjunta, adequar o nível de produção à demanda do mercado, mas não há nenhuma medida a ser anunciada no momento”, esclarece.
No momento do protesto, acontecia na Cidade do Saber o lançamento do Programa de Educação para Jovens, na Cidade do Saber. O programa é uma parceria com instituições como o Sesi e o Senai e vai contemplar, num primeiro momento, 100 jovens de 17 a 21 anos, todos da rede pública estadual de ensino.
Além disso, 30 dos 100 selecionados terão ainda a possibilidade de participar do programa Jovem Aprendiz da Ford, que, além dos nove meses de curso no Senai, terão mais oito meses de experiência na fábrica. A expectativa é oferecer uma formação técnica e comportamental aos jovens, facilitando o acesso ao mercado de trabalho.
Fonte: Correio |