Ninguém reluta em levar o filho para tomar uma vacina contra sarampo ou
paralisia infantil, mas na hora de cuidar da própria saúde, muitos
adultos negligenciam as campanhas de vacinação. Não é apenas o
organismo da criança que está sujeito à doenças que o corpo não está
preparado para combater.Em todas as fases de nossa vida, estamos
suscetíveis a infecções por vírus e bactérias que, se não tratadas,
podem causar muitos problemas. "Faz parte da cultura dos brasileiros
achar que vacinação é assunto de criança. Mesmo que esse quadro esteja
mudando, os adultos ainda não tratam as vacinas com seriedade”, diz o
infectologista Paulo Olzon, da Unifesp. Dupla tipo adulto - para difteria e tétanoA
difteria é causada por uma bactéria, que é contraída pelo contato com
secreções de pessoas infectadas. Ela afeta o sistema respiratório,
causa febres e dores de cabeça, em casos graves, pode evoluir para uma
inflamação no coração. A toxina da bactéria causadora do tétano
compromete os músculos e leva a espasmos involuntários.A
musculatura respiratória é uma das mais comprometidas pelo tétano. Se a
doença não for tratada precocemente, pode haver uma parada respiratória
devido ao comprometimento do diafragma, músculo responsável por boa
parte da respiração, levando a morte. Ferir o pé com prego enferrujado
que está no chão é uma das formas mais conhecidas do contágio do tétano.Tríplice-viral - para sarampo, caxumba e rubéolaCausado
por um vírus, o sarampo é caracterizado por manchas vermelhas no corpo.
A transmissão ocorre por via respiratória. De acordo com dados do
Ministério da Saúde, a mortalidade entre crianças saudáveis é mínima,
ficando abaixo de 0,2% dos casos. Nos adultos, essa doença é pouco
observada, mas como a forma de contágio é simples, os adultos devem ser
imunizados para proteger as crianças com quem convivem.Conhecida
por deixar o pescoço inchado, a caxumba também tem transmissão por via
respiratória. Mesmo que seja mais comum em crianças, a caxumba
apresenta casos mais graves em adultos, podendo causar meningite,
encefalite, surdez, inflamação nos testículos ou dos ovários, e mais
raramente no pâncreas.Já a rubéola é caracterizada pelo aumento dos
gânglios do pescoço e por manchas avermelhadas na pele, é mais perigosa
para gestantes. O vírus pode levar à síndrome da rubéola congênita, que
prejudica a formação do bebê nos três primeiros meses de gravidez. A
síndrome causa surdez, má-formação cardíaca, catarata e atraso no
desenvolvimento.Contra a hepatite BA
Hepatite B é transmitida pelo sangue, e em geral não apresenta
sintomas. Alguns pacientes se curam naturalmente sem mesmo perceber que
tem a doença. Em outros, a doença pode se tornar crônica, levando a
lesões do fígado que podem evoluir para a cirrose. "A imunização contra
essa doença é importante, pois ela pode causar problemas sérios, como
câncer no fígado”, diz Paulo Olzon.De acordo com o especialista, há
algumas décadas, o tipo B da hepatite era o mais encontrado, já que ela
pode ser transmitida através da relação sexual e as pessoas não tomavam
cuidado com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Depois
de uma campanha de vacinação e imunização, e da classificação da
hepatite C pelos médicos, ela não pode ser vista como epidemia, mas
ainda é preciso tomar cuidado com essa doença.Pneumo 23 - PneumoniaO
pneumococo, bactéria que pode causar a pneumonia, entre outras doenças,
pode atacar pessoas de todas as idades, principalmente indivíduos com
mais de 60 anos. "Pessoas com essa idade não podem deixar de tomar a
vacina pneumo 23”, diz Paulo Olzon.A pneumonia é o nome dado a
inflamação nos pulmões causada por agentes infecciosos (bactérias,
vírus, fungos e reações alérgicas). Entre os principais sintomas dessa
inflamação dos pulmões, estão febre alta, suor intenso, calafrios,
falta de ar, dor no peito e tosse com catarro. Adultos com doenças
crônicas em órgãos como pulmão e coração -alvos mais fáceis para o
pneumococo, devem tomar essa vacina sempre que há uma campanha de
vacinação.Contra a febre amarelaA
febre amarela é transmitida pelo mesmo mosquito transmissor da dengue,
o Aedes aegypti. A doença tem como principais sintomas febre, dor de
cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (pele e
olhos amarelados) e hemorragias. "Se a febre amarela não for tratada,
pode levar a morte”, explica o especialista.Por ser uma doença
grave, e com alto índice de mortalidade, todas as pessoas que moram em
locais de risco devem tomar a vacina a cada dez anos, durante toda a
vida. Quem for para uma dessas regiões precisa ser vacinado pelo menos
dez dias antes da viagem. No Brasil, as áreas de risco são: zonas
rurais no Norte e no Centro-Oeste do país e alguns municípios dos
Estados do Maranhão, do Piauí, da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo,
do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.Contra o influenza (gripe)A
vacina contra gripe deve estar na rotina de quem está com mais de 60
anos. "Muitas pessoas deixam de tomá-la com medo da reação que ela pode
causar. Mas isso é um mito, já que a suposta reação do corpo não tem
nada a ver com a vacina, e sim com a própria gripe. Isso porque, o
vírus da gripe fica semanas em nosso corpo sem se manifestar e a
proteção da vacina não é imediata como as pessoas imaginam”, diz o
especialista.A gripe é transmitida por via respiratória, leva a
dores musculares e a febres altas. Seu ciclo costuma ser de uma semana.
Pessoas com mais de 60 anos podem tomar a vacina nos postos de saúde,
enquanto os mais jovens podem ser vacinados em clínicas particulares. |