Entre as seis infrações de trânsito mais cometidas pelos condutores
baianos, dirigir o veículo utilizando telefone celular ocupa a quinta
posição. No ano passado, entre os meses de janeiro e outubro, foram
aplicadas no Estado 26.244 multas a motoristas que insistiram em falar
ao aparelho de telefonia móvel enquanto conduziam seu carro.
Esse número equivale a 7% do total de 370.386 multas aplicadas para
os seis principais tipos de infração. O percentual de 2010 (ainda que
parcial) supera o do ano anterior, quando equivaleu a 5,1%. Em 2009,
durante todo o ano, foram 26.620 multas por dirigir usando telefone
celular, enquanto o total das seis infrações mais aplicadas foi de
520.804.
O levantamento do Departamento de Trânsito da Bahia (Detran) serve
de alerta para um comportamento corriqueiro dos motoristas baianos e
que coloca em risco a segurança no trânsito. Na quarta-feira, 5, em um
acidente na Avenida Tancredo Neves, uma condutora perdeu o controle do
veículo, atropelou um pedestre e seu carro colidiu contra a vitrine de
uma loja. Segundo testemunhas, ela estaria falando ao celular enquanto
dirigia.
Conforme o Art. 52 do Código Brasileiro de Trânsito, falar ao
celular ou mesmo com fone de ouvido conectado enquanto se está ao
volante trata-se de infração média, que rende quatro pontos na carteira
nacional de habilitação (CNH), mais multa de R$ 85,13. O consultor e
instrutor na área de trânsito Cássio Magno alerta para os riscos. O
primeiro deles é que ao atender o telefone, o condutor dirige com
apenas uma mão. Ao passar o carro por um buraco, a depender da
velocidade, pode perder o controle do veículo e causar um acidente de
graves proporções.
A possibilidade de um acidente também cresce porque o condutor
divide sua atenção com quem está do outro lado da linha. "A pessoa se
distrai com facilidade, a depender do nível da conversa. E a notícia
também pode abalar o estado emocional”, ressalta Cássio Magno, que dá
aulas na autoescola Veja e em outros Centros de Formação de Condutores,
tanto para quem pleiteia a primeira habilitação, quanto para renovação
de carteira e reciclagem.
Magno observa que motoristas iniciantes saem conscientes, porém, ao
verem os demais adotarem a conduta ilegal e permanecerem impunes
devido à ineficiência da fiscalização, acabam adotando a mesma postura.
"Ele cria, então, um ciclo vicioso, que só termina quando sofre um
acidente”, alerta o consultor.
Mas não é apenas o celular que leva à distração e falta de atenção,
acrescenta Ana Cristina Regueira, diretora da Escola Pública de
Trânsito (Eptran) do Detran. Uma simples troca de CD, ou mesmo, a busca
por um objeto no banco do carona e no de trás pode ser fatal.
"Porque diminui o foco principal, que é a via. É obrigação do
motorista estar atento aos pedestres”, explica Ana. Apesar dos
condutores estarem mais bem preparados, por terem aulas de educação no
trânsito, os pedestres também precisam ter uma postura consciente,
atravessando na faixa e usando as passarelas.
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