A
segurança das redes brasileiras não responde a um comando único.
Descentralizada em dois principais órgãos, com iniciativas e contribuição de
vários ministérios, a estrutura é questionada por especialistas que defendem
uma maior centralização, capaz de gerar respostas mais eficazes e evitar a
sobreposição de tarefas. A estratégia de defesa e boa parte das políticas
gerais de segurança está a cargo do Centro de Defesa Cibernética do Exército
(CDCiber), que responde ao Ministério da Defesa. Outro órgão importante é o
Departamento de Segurança da Informação e Comunicações, do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República. Segundo o relatório
'A Segurança e a Defesa Cibernética do Brasil', publicado em julho pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 'a organização institucional tende a
não favorecer ações integradas'. Além dos dois órgãos citados, parte da
política de segurança e defesa é feita ou tem contribuição de instituições como
a Agência Brasileira de Inteligência, a Polícia Federal e o Ministério de
Ciência e Tecnologia. 'Apesar de algumas ações estarem em andamento, a
infraestrutura nacional de tecnologia de informação é ruim', afirma o documento
produzido pelo atual assessor de defesa da Secretaria de Assuntos Estratégicos,
Samuel César da Cruz Júnior.
Articulação: Em
entrevista à BBC Brasil, Cruz disse que 'falta articulação institucionalizada'
e que, hoje, boa parte dessa integração 'depende de um relacionamento informal
entre os órgãos'. 'Como se fala em defesa cibernética sem envolver outros
órgãos como Comunicações e Secretaria de Assuntos Estratégicos?',
questiona. Assim como Cruz, o general José Carlos dos Santos, diretor do
CDCiber, destaca a importância de ações integradas. O tema já vinha sendo
discutido em fóruns de especialistas, segundo ambos. Após o caso Snowden a
discussão deve ganhar corpo. A primeira iniciativa nessa direção foi a
decisão que põe nas mãos do Gabinete de Segurança Institucional a edição de
resoluções normativas para a área, a partir deste ano de 2013. O general
Santos diz ainda que 'a ideia de uma agência nacional de segurança cibernética
está sendo discutida'. Cruz, por sua vez, propõe a instalação de uma escola
nacional de segurança cibernética.
Mundo:
A
falta de uma estrutura clara de combate a ataques e crimes cibernéticos não é
exclusividade brasileira. Cruz disse que 'todo mundo está tentando se organizar
internamente'. Fonte: Voz da Bahia |