O uso do paracetamol em crianças pode
estar ligado ao desenvolvimento de alergias e asma mais tarde em suas
vidas, segundo um estudo.
Mas maiores pesquisas são
necessárias para esclarecer essa descoberta, e os benefícios do
paracetamol para controlar a febre ainda são maiores que o potencial
para o desenvolvimento posterior de alergias, disse Julian Crane,
professor da Universidade de Otago, em Wellington, autor do estudo.
"O problema é que o paracetamol
é dado livremente às crianças", disse ele à Reuters. "Existem muitas
provas sugerindo que algo está acontecendo aqui. Não está completamente
claro, esse é o problema."
O relatório, publicado na
revista "Alergia Clínica e Experimental", é baseado no Estudo Cohort em
Asma e Alergia, da Nova Zelândia, que investigou o uso de paracetamol
em 505 crianças na cidade de Christchurch e 914 crianças entre 5 e 6
anos de idade na mesma cidade para ver se desenvolviam sinais de
sensibilidade para asma ou alergias.
"A maior descoberta foi que
crianças que usam paracetamol antes dos 15 meses de idade (90%) tinham
mais de três vezes maior probabilidade de se tornarem sensíveis a
substâncias alérgicas e duas vezes mais probabilidade de desenvolver
asma aos 6 anos em relação às crianças que não usam paracetamol", disse
Crane, em comunicado.
"No entanto, ainda não sabemos
por que isso ocorre. Precisamos de testes clínicos para ver se essas
associações são causais ou não, e esclarecer o uso dessa medicação."
Mas as descobertas mostram um risco maior para aqueles com graves sintomas de asma.
Ele disse que na falta de
outras opções e estudos confirmando uma ligação causal, o paracetamol
deveria continuar sendo usado por enquanto. "Se eu tivesse um filho com
febre, eu lhe daria paracetamol", acrescentou.
Julian Crane, da Universidade de Otago, Nova Zelândia, é autor do trabalho. Pesquisa foi publicada na revista 'Alergia Clínica e Experimental'. Da Reuters |