O cearense conhece a arte de transformar vento em energia – o estado tem
o maior parque eólico do Brasil, com 105 megawatts instalados. Sol,
ali, também não falta. Na terra de Expedito Parente, inventor do
biodiesel, que morreu nesta semana, o povo sabe ainda a importância de pesquisar combustíveis limpos.
Não é surpresa que tenha sido criado lá o "primeiro carro quadriflex do
mundo", segundo Fernando Ximenes, 46 anos, inventor da tecnologia. O
engenheiro apresenta o veículo na EcoEnergy, uma feira de energia verde
que acontece até sábado, em São Paulo.O modelo funciona com etanol, gasolina, energia solar e eólica
(gerada pelo vento). Não é um motor híbrido. Na verdade, o motor é
comum, impulsionado somente por etanol e gasolina. As fontes
"alternativas" servem para dar uma ajuda a ele – algo que, no fim das
contas, reduz o consumo de combustível. O painel solar no teto e as
hélices de captação de vento livram o motor de produzir energia para
alimentar o ar-condicionado, recarregar a bateria e outras funções.
"Testei o carro por 13 mil quilômetros e vi que a economia de
combustível pode chegar a 40%", explica Ximenes.
As "turbinas" de vento – provavelmente a inovação mais legal do
carro – começam a funcionar quando o "quadriflex" atinge 40km/h. São
duas hélices, umas de cada lado do para-choque. Isso porque, se uma
delas for danificada num acidente, o outra continuaria dando conta de
produzir energia. A empresa de Ximenes, chamada Gram-Eollic, trabalha no
ramo da energia eólica desde 1989, com foco na montagem de casas
auto-suficientes – ou "produtor independente de energia", como diz o
empresário.
O logotipo (abaixo) é outro ponto curioso do veículo – cujo
protótipo exibido na feira foi montado sobre a carroceria de um Uno,
embora a Fiat não faça parte do projeto. O símbolo, colado na frente do
carro, é o mesmo usado há anos pela Gram-Eollic. Mas, quando colocado
num para-choque, fica muito parecido com o da Mercedes-Benz. Pior:
parece que algo pontudo cutucou o símbolo alemão e fez com que ele
tombasse de lado. "Eles não viram, ainda... Mas é capaz da Mercedes
gostar", acredita Ximenes.
O engenheiro calcula ter gasto mais de R$ 100 mil na pesquisa para
desenvolver o carro, feitas ao longo dos últimos dez anos. A patente,
Ximenes afirma ter registrado há seis anos. O carro, em si, foi
construído nos últimos oito meses.
O símbolo, que parece outro logotipo famoso: "É capaz da Mercedes gostar", brinca Ximenes
Fonte/Foto: iG São Paulo |