 Dezenas de
pessoas morreram e centenas ficaram feridas em distúrbios ocorridos
nesta quarta-feira na cidade de Port Said (nordeste do Egito) após
torcedores invadirem o gramado durante a partida entre Al Masry e Al
Ahly válida pelo Campeonato Egípcio.
O secretário-geral do Ministério da Saúde
egípcio, Hisham Shiha, anunciou à televisão estatal que há pelo menos 25
corpos no hospital da cidade, vítimas dos confrontos após a partida que
terminou com a vitória do Al Masry por 3 a 1. No entanto, o Ministério
da Saúde do Egito anunciou que esse número aumentou para 73 .
A invasão começou logo após o apito final.
Empolgados com a vitória de virada sobre o atual campeão nacional,que
ainda não havia sido derrotado na temporada, torcedores do Al Masry, que
já haviam paralisado a partida no meio do segundo tempo por conta de
fogos de artifício lançados após a comemoração de um dos gols (foto ao
lado), invadiram o gramado e exageraram na dose ao agredirem jogadores e
comissão técnica do Al Ahly.
- Todos jogadores foram brutalmente agredidos.
Ficamos presos no vestiário e o nosso técnico não está conosco agora –
disse o lateral-direito Ahmed Fathi em entrevista por telefone ao portal
local "Ahram Online”.
Com os jogadores refugiados, os torcedores do
Al Masry partiram em direção aos fãs do Al Ahly, que eram visitantes e a
confusão piorou. ‘Um torcedor morreu na minha frente’- Pessoas morreram e estamos vendo corpos
agora. Um torcedor morreu no vestiário na minha frente – disse o meia
Mohamed Abou-Treika, aos gritos, durante entrevista à emissora oficial
do Al Ahly. O meia-atacante Mohamed Barakat reclamou da
passividade dos policiais diante do caos. - Não tinha ninguém para nos proteger. Mas
acho que é a nossa culpa porque fomos a campo jogar a partida. As
autoridades tinham medo de cancelar o campeonato porque eles só pensam
em dinheiro. Eles não ligam para as vidas da pessoa – afirmou Mohamed
Barakat, dando a entender que a liga local já sabia que o jogo era de
risco.
Campeonato suspenso O técnico português Manuel José, do Al Ahly,
revelou que levou muitos socos e pontapés, mas conseguiu fugir. Ele e os
jogadores do time, entre eles o atacante brasileiro Fabio Junior,
ex-Vasco, Flamengo e Madureira e autor do gol de honra do time
visitante, foram levados para um quartel de polícia próximo.
- Estou bem. Levei pontapés, murros e depois
me colocaram numa sala. Me trouxeram para um quartel. Alguns de nossos
torcedores chegaram a entrar no vestiário. Mas, os jogadores da nossa
equipe estão todos bens. Eu é que não consegui voltar para o vestiário. A
culpa é dos soldados, havia dezenas deles e polícias também.
Desapareceram todos e foi um caos completo – disse Manuel em entrevista à
emissora portuguesa "Sic”.
Em nota oficial, a Federação de Futebol do
Egito anunciou que o campeonato nacional do país está suspenso por prazo
indeterminado. O jogo entre Zamalek e Ismaily SC, que estava
acontecendo na capital Cairo no mesmo momento do confronto entre Al
Masry e Al Ahly, foi suspenso no intervalo por conta da tragédia em Port
Said e, também, devido a um incêndio em um setor das arquibancadas que
teria sido causado por foguetes lançados de forma errada por torcedores.
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