A taça colocada no gramado, ao centro, e o círculo aberto. Schweinsteiger, Özil, Khedira e todos os outros jogadores começaram a dançar com movimentos firmes para frente e para trás. O mundo inteiro deve ter achado estranha aquela cena, menos os índios Pataxós de Coroa Vermelha, no Extremo Sul da Bahia. A homenagem aos indígenas de Santa Cruz Cabrália, onde os alemães ficaram hospedados por 33 dias, foi feita logo após a conquista. Repetiram a dança que pede fortalecimento. Mostraram que aprenderam direitinho nos três contatos que tiveram com os índios. Quer dizer, nem tão direitinho assim. “Olha, eles dançaram meio sem jeito, mas o importante é que dançaram”, brincou o cacique José Valério Matos, o Zeca Pataxó, Emocionado, o cacique lembrou dos dois treinos, o primeiro e o último, em que os índios puderam participar e ensinar aos alemães a anguaré, a dança de fortalecimento. Em um terceiro momento, durante uma entrevista coletiva, a Federação Alemã de Futebol também ofereceu aos índios um cheque no valor de R$ 30 mil. Em retribuição, na sexta-feira, o cacique prometeu que o pajé da tribo iria organizar uma pajelança para pedir aos deuses indígenas pela Alemanha. A pajelança - ritual que reúne elementos da religiosidade popular, da medicina rústica e de componentes da cultura indígena, foi feita meia hora antes do jogo. Dezenas de Pataxós formaram um círculo em frente à casa do pajé Itambé, onde foi colocada uma TV. “A pajelança foi muito forte, muito vibrante. Pelo visto deu certo, né?”, comemorou o cacique. “E, depois de tudo, ainda assistir eles dançando no campo, com a taça no meio, foi muito emocionante. Estamos muito felizes”. O cacique acredita que a passagem dos alemães em Cabrália - e agora a dança feita na final da Copa - vão dar uma visibilidade impressionante à tribo.
Terrenos : Pelo visto, a relação dos alemães com os índios e toda a cidade de Santa Cruz Cabrália não vai terminar com a Copa. Além dos projetos e doações feitas à comunidade, o cacique soube que dois jogadores da Alemanha adquiriram terrenos na Vila de Santo André, onde foi construído o centro de treinamento e hospedagem da delegação. “Eles gostaram tanto daqui que já compraram dois terrenos. Não foi revelado quem são os jogadores, mas eles vão voltar para curtir férias”, revelou Zeca Pataxó. Os índios também esperam que tanta visibilidade sirva para pressionar o governo na ampliação de suas terras, pondo um fim aos conflitos na região. Aí já é motivo para outra dança.
Fonte: Voz da Bahia |