
O colarinho branco representa risco
tão grave para o Brasil quanto o tráfico de drogas, na avaliação da Polícia
Federal (PF). No combate ao crime organizado, a corporação coloca em um mesmo
plano e peso o comércio de entorpecentes e as fraudes contra o Tesouro. O
superintendente da PF em São Paulo e ex-diretor da unidade para combate ao
crime organizado, delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, só vê uma
diferença entre os dois grupos: a violência. "De um extremo, as organizações
armadas, cuja ação está diretamente relacionada com a violência urbana e que
tem como sua principal fonte de renda a exploração do tráfico ilícito de drogas
e são responsáveis pela disseminação do crack em nosso país. No outro extremo
estão as organizações criminosas não violentas, também conhecidas de colarinho
branco, grupos que se dedicam a fraudar os recursos públicos, a desviar recursos
públicos que deveriam ser destinados para as áreas essenciais do Estado,
educação, saúde, transporte, a própria segurança pública”, disse, em entrevista
ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele adverte para as consequências do outro tipo
de organização criminosa, a do colarinho branco. "As ações desses grupos, ao
fraudar licitações, ao desviar recursos que deveriam ser destinados para áreas
essenciais do Estado, embora não sejam violentas, embora não haja violência
contra a pessoa no ato criminoso, existe indiretamente uma violência tremenda e
muito abrangente, porque o dinheiro público deixa de chegar para construir uma
nova escola, para melhorar o sistema de saúde”, condenou. Troncon ressalta que
"milhões e milhões de brasileiros que dependem do Estado acabam não tendo, ou
tendo de forma precária, esses serviços essenciais, porque os recursos que
deveriam ser destinados para sua melhoria são carreados para benefício pessoal
(do colarinho branco), remetidos ao exterior, para paraísos fiscais”.
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