Depois de recebidos no
fim de semana como celebridades pelo interior do país, os médicos formados no
exterior trazidos pelo programa Mais Médicos ainda não sabem quando começam a
trabalhar.
Eles deveriam iniciar os
atendimentos hoje, mas a queda de braço entre governo federal e conselhos
regionais de medicina resultou na liberação, até sexta, de só 39 (6%) dos 633
registros provisórios já pedidos pelo Ministério da Saúde --no total, serão 681
profissionais, 400 cubanos.
O programa, que visa
reduzir o deficit de médicos nas periferias e no interior, prevê a participação
de profissionais sem a validação de diplomas estrangeiros. A classe médica
contesta isso na Justiça.
Sem os documentos, os
médicos não podem exercer a profissão no país. Eles deverão apenas ir aos
locais de trabalho, sem de fato atuar. O ministério diz que, neste período,
eles serão treinados sobre os problemas médicos das regiões onde vão trabalhar.
Segundo o ministério,
além dos 12 registros fornecidos no Ceará e dos 27 na Bahia, há ainda a
promessa de que outros 45 sejam entregues hoje --seis na Paraíba, 19 no Rio
Grande do Sul e 20 no Ceará.
A expectativa da pasta é
que mais documentos sejam liberados nesta semana.
Fogos e forró
O casal de cubanos
Teresa Rosales, 47, e Alberto Vicente, 43, por exemplo, deve continuar hoje
apenas realizando visitas em Brejo da Madre de Deus (a 200 km do Recife).
Sem registro, eles foram
recebidos no sábado com fogos, forró, almoço e faixa de boas-vindas. Ontem,
visitaram o posto de saúde em que Alberto trabalhará. A unidade, num distrito a
30 km da sede do município, ainda cheirava a tinta após reforma --e não tem
médico há um ano.
O casal conheceu a casa
em que vai morar e alguns vizinhos. "Gosto de fazer café e doces e dar aos
vizinhos. Em Cuba é assim", disse Teresa.
Sobre o início dos
atendimentos, eles disseram esperar começar na próxima semana.
Também cubanas, Tania
Sosa, 45, e Silvia Blanco, 44, chegaram no sábado a Pedreira e a Santo Antônio
de Posse, pequenas cidades da região de Campinas (a 93 km de SP) onde atuarão,
respectivamente.
A recepção de Silvia
teve tom político: boas-vindas na Câmara com direito a presentes (Bíblia em
espanhol, camisa da seleção e flores). "Não estou acostumada com isso.
Agradeço pelo acolhimento", disse, emocionada, em "portunhol" de
fácil compreensão.
Para que Silvia não
fique só nos primeiros dias, a mãe da secretária de Saúde lhe faz companhia,
inclusive dormindo na casa em que vai morar. Fonte: Uol |