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Main » 2013 » Fevereiro » 11 » CATÓLICOS BAIANOS SÃO SURPREENDIDOS COM RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI
3:51 PM
CATÓLICOS BAIANOS SÃO SURPREENDIDOS COM RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI

Perplexidade e surpresa. Foi com esse misto de sentimentos que fieis baianos receberam nesta segunda-feira (11) pela manhã a notícia da renúncia do Papa Bento XVI. Moradora do bairro do Cabula, a aposentada Eva Andrade, 57 anos, diz que a notícia foi inesperada principalmente perto da quaresma.

"Fiquei surpresa. Eu estava na Igreja em oração quando soube da notícia. Fiquei sentida, mas Deus deve guardar um nome para comandar nossa igreja”, afirma a religiosa que congrega na Igreja Católica da Graça Divina. 

O seminarista Rubens Dias, 29, se prepara para tornar-se padre. Para ele, o papa sai de forma digna do pontificado e ainda deixa um exemplo. "É muito difícil saber a hora de parar principalmente quando se tem uma função tão importante como era o caso dele. Tenho ele agora com um exemplo de reconhecimento da limitação do nosso corpo, mas não da nossa fé”, pontua.


O empresário Jorge Sousa, 48, que congrega na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no Imbuí, espera que o novo papa seja mais flexível. "Esse papa era muito conservador. Nossa Igreja precisa evoluir conquistar mais fieis”. 

O administrador Osmar Silva, 34 anos, não esconde a admiração pelo antecessor de Bento XVI, o falecido papa João Paulo II. "Eu gostava mais do outro papa. Espero que agora o próximo venha com energia nova para renovar a Igreja”, defende.

Renúncia
A renúncia foi revelada pelo próprio Papa, que tem 85 anos, durante um consistório de canonização de dois mártires. O anúncio foi confirmado pelo Vaticano.


Até que um novo Papa seja escolhido, o posto ficará vago. Segundo Vaticano, o novo Papa deverá ser escolhido até o final de março. O último pontífice a renunciar foi Gregório XII, em 1415.

Em um comunicado feio em latim, Bento XVI afirmou que vai deixar o cargo por "não ter mais forças" para exercer o cargo devido à sua idade avançada.

Polêmicas enfraqueceram Papa, diz Dom Murilo
Os casos de pedofilia dentro da igreja, as polêmicas envolvendo outras religiões e as posições conservadoras sobre temas tabus como aborto e casamento entre gays marcaram os sete anos de pontificado do papa Bento XVI.
 
Para o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, esses fatores colaboraram para a decisão do pontífice de abandonar o posto mais alto da Igreja. "Não vou dizer que foi decisivo, mas acredito que isso colaborou. O cargo que ele ocupa é pesado e quanto mais problemas se enfrenta mais difícil fica sendo a missão. Tudo isso pode ter ajudado para a decisão. Esperar que um homem de 85 anos enfrente isso tudo com vigor é difícil”, disse  Krieger em entrevista ao Correio, por telefone, na manhã de hoje.

O alemão Joseph Ratzinger, que sucedeu o papa João Paulo II, já assumiu o posto de papa da Igreja tomando decisões polêmicas. Em 2005, Bento XVI impôs restrições a homossexuais se tornarem padres. No ano seguinte, em visita a Polônia, irritou judeus por não mencionar o antissemitismo cristão em seu discurso.


Em 2011, a Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (SNAP) acusou o  papa Bento XVI de abafar as denuncias de estupro e outras violências sexuais  praticado por padres. Em 2006, afirmou que o islã era violento e irracional, citando o imperador bizantino Manuel II Paleólogo. Dias depois, ele disse que foi mal compreendido.
 
A interpretação das frases do papa Bento XVI, segundo Dom Murilo, foram justamente o ponto mais sensível da sua gestão a frente da Igreja. "Ele pegou o mundo e a Igreja numa fase muito turbulenta. O mundo vive uma fase muito rápida. Algumas palavras dele foram mal interpretadas e, pela velocidade das informações no mundo, as correções não tiveram a mesma repercussão”, destaca.

"Essa decisão foi um ato de fé e honestidade do Papa Bento XVI, que deu um exemplo do reconhecimento das suas limitações", disse Dom Murilo. Os dois se encontraram durante uma audiência pública no Vaticano, no dia 9 de janeiro, em que estiveram presentes bispos do mundo todo.

Dom Geraldo Majella é nome forte
Um dos nomes mais cotados para suceder Bento XVI é dom Geraldo Majella Agnelo, 79 anos, atual arcebispo emérito de Salvador (BA). Ele teve o pedido de renúncia aceito pelo Papa Bento XVI, em 2011, quando deu lugar ao arcebispo de Salvador e primaz do Brasil Dom Murilo Krieger.

O outro cotado é dom Raymundo Damasceno, atual arcebispo de Aparecida e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ainda estão na lista cotada pelo bispo Nicioli, dom Cláudio Hummes, 78 anos, arcebispo emérito de São Paulo; Odilo Scherer, de 63 anos, atual cardeal arcebispo de São Paulo; e dom João Braz de Aviz, de  66 anos, que mora em Roma e é prefeito das congregações dos religiosos em Roma.
Leia abaixo a íntegra do comunicado do Papa Bento XVI:


 "Queridíssimos irmãos,

Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.

No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro "2013.”

Fonte: Correio

Category: NOTÍCIAS | Views: 686 | Added by: monica | Rating: 0.0/0
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