O Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo detectou em um par de
sapatos de Mizael Bispo fragmentos de uma alga presente na represa
Atibainha, em Nazaré Paulista (SP), onde o corpo de sua ex-namorada
Mércia Nakashima foi encontrado no dia 11 de junho. Segundo o perito
Renato Pattoli, "fica claro que os sapatos de Mizael estiveram na
represa há alguns meses, período que é compatível com a data do crime".
A descoberta é resultado de cerca de dois meses de análises e faz parte
do laudo da perícia, que foi divulgado no início da tarde desta
terça-feira na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), em São Paulo, e complementa o inquérito da Polícia Civil. Os
investigadores esperam que as novas provas fundamentem um novo pedido
de prisão preventiva contra Mizael.
Além das algas, a perícia encontrou nos sapatos pequenas manchas de
sangue, fragmentos de osso e chumbo, correspondente ao verificado nos
projéteis calibre 38 encontrados na cena do crime. Os peritos não
puderam fazer exame de DNA no material coletado, já que não possuíam
quantidade suficiente de sangue e tecido ósseo.
Segundo Pattoli, o organismo encontrado nos sapatos de Mizael era
microscópico, e uma amostra foi enviada para o professor Carlos Eduardo
Bicudo, do Instituto de Botânica da Universidade de São Paulo (USP).
Após submeter o material a análise, descobriu-se que se tratava de uma
alga subaquática de água doce, presente na represa Atibainha. Dessa
forma, a perícia concluiu que Mizael necessariamente teve que pisar
dentro da represa, já que a alga vive abaixo da superfície. "A alga é
recente, é uma coisa de meses atrás", disse o perito.
Para o perito, o crime ocorreu dentro do automóvel de Mércia, quando a
advogada foi baleada e morreu afogada. Ele acredita que o autor do
crime tenha efetuado os disparos do banco do passageiro e depois
empurrou o carro para dentro da represa.
O delegado Antônio Olim, do DHPP, afirmou que "o laudo coloca Mizael no
local do crime". Segundo Olim, os sapatos foram encontrados pela
polícia na casa do ex-namorado de Mércia e apresentavam manchas de
terra.
Segundo o diretor do DHPP, Marco Antônio Desgualdo, a prova de autoria
está no laudo, que incrimina Mizael. "O quebra-cabeças está completo",
afirmou Desgualdo, que acredita que o trabalho da perícia "foi
conclusivo e já terminou". Sobre o pedido de prisão preventiva do
advogado, ele disse que não sabe ainda se o Judiciário vai aceitá-lo ou
não.
O laudo possui mais de 200 páginas e foi entregue ainda nesta tarde ao promotor Rodrigo Antunes, que vai analisar os documentos.
O Caso
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, teria sido assassinada pelo
ex-namorado e policial aposentado, Mizael Bispo de Souza, que não
aceitaria o fim do relacionamento. Rastreamento de chamadas telefônicas
feito pela polícia com autorização da Justiça colocariam os dois na
cena do crime, de acordo com as investigações. Mizael e o vigia Evandro
Bezzerra Silva são considerados pela Polícia Civil os principais
suspeitos do crime. Eles negam as acusações. |