O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) devolve, nesta quarta-feira (28), às 10h, na sua sede localizada na Avenida 7 de Setembro, Praça da Piedade, em Salvador, a cadeira de Jubiabá ao Terreiro Mokambo. Famoso babalorixá do Candomblé baiano e capitão do Exército, Severiano de Abreu ou Jubiabá (1886–1937) foi também personagem de romance homônimo do escritor Jorge Amado (1912-2001).
A cadeira havia sido roubada de Jubiabá pela polícia baiana em 1920, da sua casa no Alto da Cruz do Cosme, quando era comum os terreiros sofrerem perseguição das autoridades públicas. A polícia retirou o trono como um troféu e, desde então, a cadeira ficou sob a guarda do IGHB. Às 19h, acontece a entronização e sacralização da cadeira de Jubiabá no Terreiro do Mokambo, localizado na Vila 2 de Julho, Trobogy, em Salvador.
Em dezembro de 1912, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) já havia encaminhado parecer técnico sugerindo a devolução do trono. O Terreiro do Mokambo, protegido pelo Estado através de tombamento provisório do Ipac, receberá a cadeira para fazer parte do Memorial da casa. Esse espaço foi criado a partir de projeto apresentado ao Edital Setorial de Museus do Ipac de 2013, com recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
Símbolo sagrado
“Além do parecer técnico para devolução e da proteção do terreiro feita pelo instituto, o Memorial do Mokambo ganhará um Plano Museológico, também via Editais da Secretaria de Cultura”, explica o diretor-geral do órgão, João Carlos de Oliveira. Segundo ele, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) já foi assinado pelo proponente do terreiro e será publicado no Diário Oficial do Estado, quando então serão liberados novos recursos.
O Terreiro do Mokambo descende do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, dirigido pela Mameto Altanira Maria Conceição Souza, a famosa Mãe Mirinha de Portão. Mirinha era filha de Joãozinho da Goméia que, por sua vez era filho de Jubiabá. O trono ou a cadeira de uma yalorixá ou babalorixá se confunde com a cadeira de seu orixá. É considerado um símbolo máximo de poder e respeito no Candomblé.
A peça é um símbolo sagrado diante do qual os filhos se ajoelham em cumprimento e respeito. Um pai ou mãe-de-santo, quando é confirmado no cargo - entronizado - é sentado na cadeira, como faziam os reis e as rainhas. A cadeira é o trono do terreiro, de onde a mãe ou o pai-de-santo governam. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (71) 3329-4463.
Fonte: Ascom/Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) |