
Em meio às expectativas para o
conclave que, no próximo mês, no Vaticano, irá eleger o novo papa, a Igreja
Católica em Portugal enfrenta denúncias de escândalo sexual. A revista
semanal Visão publica hoje (20) reportagem sobre o ex-bispo
auxiliar de Lisboa e atual delegado do Conselho Pontifício da Cultura, Carlos
Azevedo, que estaria sendo investigado pela Nunciatura Apostólica por suposto
assédio sexual a membros da própria Igreja na década de 1980.
Segundo
a revista, a denúncia foi feita em 2010 ao núncio apostólico de Portugal que
acolheu relatos de um padre (a suposta vítima). O sacerdote é de uma paróquia
fora da região metropolitana de Lisboa. Dom Carlos Azevedo nega o assédio
sexual e afirma que "nunca" foi chamado a depor por qualquer processo
nem foi repreendido pela alta hierarquia da Igreja. Ele disse a um canal de
televisão que "remexer em assuntos de 30 anos (…) não serve de modo ético à informação;
mas visa meramente sensacionalismo”.
O
religioso admite que conheceu o padre já adulto e que manteve contato pontual.
"Foi só um acompanhamento [no Seminário do Porto]”, disse. "De maneira nenhuma
tive qualquer relação com essa pessoa. Não há atitude de assédio para com
ninguém nem nunca ninguém teve qualquer reparo nesse sentido comigo.”
O
ex-bispo de Lisboa admitiu que esteve com o denunciante depois de 2010 na
cidade de Fátima, porém não relatou os "pormenores” da conversa.
Ao
saber da publicação da reportagem da revista Visão, o
porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão, divulgou
nota de solidariedade ao ex-bispo de Lisboa publicada na agência de notícias
Ecclesia (da Igreja Católica). "Dom Carlos Azevedo pode contar com a nossa
solidariedade e a nossa oração fraterna.”
A
nota destaca que estão em jogo "acusações de comportamentos impróprios, não
conforme com a dignidade e a responsabilidade do estado sacerdotal” e salienta
para riscos de premeditação contra supostos atos ocorridos há 30 anos. "Da sua
veracidade não podemos nem devemos julgar apressadamente. De qualquer membro da
Igreja se espera um comportamento exemplar”, escreve o padre Manuel Morujão na
nota.
Oito
em cada dez portugueses se dizem católicos. Na última década, porém, houve
diminuição da proporção de fiéis. Segundo uma pesquisa, feita com cerca de 4
mil pessoas pela Universidade Católica Portuguesa (Centro de Estudos e
Sondagens de Opinião e o Centro de Estudos de Religiões e Culturas), entre 1999
e 2011 o percentual de católicos na população baixou de 86,9% para 79,5%. No
mesmo período foi verificado aumento dos que se dizem "não crentes” ou "sem
religião” - de 8,2% para 14,2%. Fonte: Voz da Bahia |