A prefeitura de Biritinga, localizada no nordeste baiano, foi alvo de
investigações por uma série de irregularidades na gestão das verbas
federais da Educação repassadas ao município. De acordo com a denúncia,
oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), por meio da
Procuradoria Regional da República na 1ª Região, entre os anos de 2009 e
2010, mais de R$ 480 mil foram desviados da conta do Fundeb para as
contas pessoais do prefeito, Gilmário Souza de Oliveira, da secretária
de educação, Lúcia Cristina Souza, e do presidente da Comissão de
Licitação, Elvis Meireles. Estima-se que o valor total de verbas
desviadas da educação básica no período seja ainda maior.
As investigações, realizadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e
pelo MPF/BA, apontam a existência de formação de quadrilha na
administração de Biritinga (BA) para a prática dos crimes de desvio e
apropriação de recursos públicos do Fundeb e de convênios firmados com a
União, peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes em
licitações. O esquema, liderado pelo prefeito, ainda contaria com a
participação do procurador do município e de empresários da região.
Além do prejuízo causado pela transferência de valores da conta do
Fundo para contas particulares, a denúncia relata uma série de
irregularidades na aplicação do dinheiro com a realização licitações
fraudulentas para a contratação de transporte de alunos, compra de
material escolar, reformas em escolas e aluguel de um imóvel.
Transporte escolar
- Para realizar o transporte
de alunos foi contratada sem licitação a empresa Emprocil – Empreiteira
de Obra Civil, que prestou serviço à prefeitura durante 7 meses a um
custo de R$ 754.600,00. A empreiteira, segundo a denúncia, é uma empresa
de "fachada” contratada para dissimular o desvio de recursos do Fundeb.
A prefeitura também teria gasto R$ 56.115,00 em combustíveis para o
transporte escolar, antes mesmo do início do ano letivo e deixado de
apresentar documentos relativos ao controle de compra e recebimento de
combustível.
Aluguel de imóvel
- Com intuito de viabilizar o
funcionamento da Escola da Fazenda Cajá, o município alugou uma
propriedade durante 1 ano e 4 meses pelo preço de R$ 4.800. No entanto,
vistoria da CGU no local confirmou que na fazenda Cajá não funcionou
qualquer escola entre 2009 e 2010, e sim a sede de uma construtora a
serviço da Companhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb).
Reformas em escolas
- Para reformar e pintar 36
escolas em 2009 foi pago à construtora Cajaíba R$ 152.904,40. De acordo
com o MPF, a licitação para a contratação da empresa também foi
fraudulenta porque, entre as concorrentes, uma era a Emprocil e a outra,
atuava no transporte rodoviário de carga. As investigações ainda
mostram que as reformas dos prédios escolares não foram executadas
integralmente, o que resultou em prejuízo de R$ 26.632,62.
A prefeitura também teria provocado artificialmente dispensa de
licitação para a compra de material escolar e transporte de
coordenadores e diretores de escolas. Nos anos de 2009 e 2010, R$
125.399,51 foram gastos, no entanto, as aquisições dos bens e serviços
foram fracionadas em diversas parcelas inferiores a R$ 8 mil reais. A
prática levou o Tribunal de Contas dos Municípios a rejeitar as contas
relativas ao exercício de 2009.
O Ministério Público Federal pediu ao Tribunal Regional Federal da 1ª
Região o recebimento da denúncia e a condenação dos acusados.
Fonte: Gil Santos Noticias
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