Pesquisadores
da Universidade de São Paulo (USP) e da empresa Oxitec (U.K.), em
parceria com a Moscamed Brasil estão desenvolvendo em Juazeiro, no
norte da Bahia, uma nova tecnologia que visa o estudo da biologia,
ecologia e controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da
dengue. As pesquisas desenvolvidas pelas instituições objetivam
bloquear e reduzir a transmissão dessa patologia por meio da liberação
planejada no ambiente de mosquitos geneticamente modificados. A
notícia, tida como mais uma importante ferramenta de combate à doença,
foi destacada pelo secretário Estadual de Saúde, Jorge Solla, durante
apresentação da campanha publicitária de combate à dengue, realizada na
manhã de ontem pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em visita a
Salvador, no Salão Nobre da Reitoria da Ufba. Ainda
na ocasião, cumprindo uma extensa programação organizada pela
Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) juntamente com o governador Jaques
Wagner, Solla e outras autoridades políticas, o ministro fez a entrega
de 34 ambulâncias ao Estado, sendo cinco de Suporte Avançado, 11 de
Suporte Básico e 18 ambulâncias para reposição da frota. O Ministério
da Saúde investiu 4,6 milhões na aquisição dessas ambulâncias, cabe ao
governo do estado o custeio da frota. O ministro participou ainda das
inaugurações da Farmácia Popular da Ufba e da Universidade Aberta do
Sistema Único de Saúde (Unasus/BA). Na
Bahia, de acordo com informações da Sesab, 198 municípios correm risco
de ter uma epidemia de dengue este ano. Desses, 92 têm risco muito alto
e 106 tem risco alto para a doença. Até o último dia 22 de janeiro,
foram registrados 1.608 casos de dengue na Bahia. No mesmo período de
2010, esse número chegou a 2.341 casos, correspondendo a uma redução de
31,5%. "A redução não quer dizer que devemos relaxar, é necessário
mantermos a atenção máxima e cumprirmos com todas as medidas de
prevenção, com o apoio de todos”, disse o ministro Alexandre Padilha. Ele
ressaltou ainda que o combate ao Aedes aegypti deve partir de todos, do
Governo, da população, da imprensa. "Tenho solicitado até apoio dos
empresários, esse é o momento da prevenção. Muitas vezes o agente de
saúde não consegue entrar nas residências, mas o creme dental, os
refrigerantes entram”, pontuou ao sugerir que mensagens de prevenção a
dengue sejam inseridas em embalagens de diversos produtos. Laboratório em Juazeiro
Sobre
a nova tecnologia desenvolvida em Juazeiro, um laboratório de campo de
insetos transgênicos - reconhecido pela Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) - foi instalado na Moscamed, em Juazeiro,
graças a um convênio de cooperação técnica e administrativa firmado
entre a Moscamed e a Usp. Neste laboratório, serão realizados ensaios
de campo, como dispersão, liberação e compatibilidade da linhagem
OX513A de Aedes aegypti RIDL, com a linhagem selvagem. O
convênio tem duração de cinco anos, podendo ter esse prazo prorrogado.
O laboratório foi estabelecido na Moscamed, pois esta se trata de uma
biofábrica que produz machos estéreis de moscas-das-frutas para
controle biológico de pragas agrícolas. "A integração dos técnicos da
Moscamed com os pesquisadores e estudantes da USP será uma associação
de grande valia para novas tecnologias no controle de mosquitos”,
ressalta Aldo Malavasi, diretor presidente da Moscamed. Para
a coordenadora do Programa de Controle Genético do Mosquito Aedes
aegypti, Margareth Capurro, além do interesse acadêmico em ensino,
pesquisa e extensão, esse convênio possibilita ainda a realização de
ensaios de campo em áreas isoladas do sertão da Bahia. "Com estudos da
estrutura e dispersão dos mosquitos, será possível estender a
utilização de técnicas de machos estéreis na supressão de populações do
Aedes aegypti para o Culex quiquefasciatus, conhecido popularmente como
muriçoca”, afirma.
Rodrigo Lago |