A Bahia é o segundo estado mais vulnerável para a exploração de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado nesta segunda-feira (22) pelo jornal Folha de S. Paulo, mostrou que, nas BRs que cortam o estado, há 216 pontos vulneráveis para a exploração sexual infantil.
Em todo o país, são 1.969 pontos vulneráveis, de acordo com o estudo, que analisou o biênio 2013-2014. Com 10,9% do total, a Bahia fica atrás somente de Minas Gerais, que tem 313 pontos. Em seguida, vem o Paraná, com 179 ocorrências.
O biênio 2013-2014 teve um crescimento de 11% no número de pontos, considerando o estudo anterior, referente aos anos de 2011 e 2012. Pontos ‘vulneráveis’, no entanto, não significam necessariamente pontos confirmados de prostituição.
São, segundo a PRF, pontos que obedecem critérios que vão desde a ausência de luminosidade no local à presença de caminhoneiros, ao consumo de bebidas alcóolicas e ocorrência de tráfico de drogas. Também é observado se as crianças e os adolescentes em questão prestam algum tipo de serviço no local – como lavagem de veículos, por exemplo.
Pelo levantamento, a Bahia é o estado que mais cresceu no número de pontos ‘vulneráveis’. Do biênio 2011-2012 para 2013-2014, houve um aumento de 180%. No entanto, de acordo com a PRF baiana, no estado, o levantamento feito no ano passado indicou apenas 15 pontos onde havia confirmação de exploração infantil.
Os locais são identificados, inicialmente, através da rotina das unidades operacionais nas rodovias do baianas. A partir disso, o setor de inteligência promove ações específicas para investigar mais a fundo. Com a confirmação, são programas ações repressivas.
Três denúncias por dia
Em 2016, a Bahia registrou 258 denúncias de exploração sexual, segundo o Disque 100, que é vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Ao todo, o estado teve 1.187 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes – dessas, 354 foram em Salvador. Assim, a cada dia, pelo menos três crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual na Bahia.
"É uma violência que se mantém estável. Não aumenta, nem diminui. É endêmica”, apontou a delegada Ana Crícia Almeida, titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Derca), ao CORREIO, no último dia 18 – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A delegada aponta desafios para todos os atores envolvidos no enfrentamento a esse tipo de violência – que inclui desde órgãos de segurança até saúde e educação, além do Judiciário.
Correio 24h