Surgem na Bahia, diariamente, cinco novos casos de exploração
sexual infanto-juvenil. Os dados constam nos registros do Disque 100,
serviço de denúncia, que ainda revela que crianças e adolescentes do
sexo feminino são mais violentados. O agressor, na maioria dos casos, é
pessoa próxima à família, muitas vezes até um parente.Para combater
o crime, o Ministério Público já começou a se reunir com diversos
segmentos, principalmente da rede hoteleira, a fim de iniciar uma
campanha, onde todos os setores ligados ao turismo têm o dever de
propagar o compromisso com a causa.O quadro de registros do Disque
100 concedido pelo Cedeca revela que até julho deste ano ocorreram 806
casos, desses mais de 80% são de meninas com idade entre 12 e 17 anos.
Ainda nos registros do serviço de denúncia é revelado também um grande
índice de maus-tratos sofrida pelos menores. Até o dia 12 de agosto, um
total de 899 denúncias, sendo 304 de Salvador e 595 do interior.Para discutir o assunto, disseminar estratégias voltadas para a proteção de meninos e meninas, chamar atenção da
população e de atores do Sistema de Garantia do Trade Turístico,
acontece hoje encontro do Comitê de Enfrentamento a Violência Sexual
contra Crianças e Adolescentes da Bahia. O seminário, promovido pelo
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca),
denomina-se "Construindo Estratégias contra a Exploração Sexual no
Setor Turístico” e será realizado no auditório do Centro Cultural da
Câmara Municipal de Salvador, na Praça Thomé de Souza.Para o
coordenador do Cedeca, Waldemar Oliveira, os casos aumentam no período
de alta estação, quando a Bahia recebe milhares de turistas. Mas,
infelizmente, muita gente deixa de denunciar por entender que a
investigação não vai adiante"A falta de estrutura do serviço de
investigação, prejudicado pela deficiência tanto tecnológica quanto
humana, deixa as pessoas frustradas. Apenas uma delegacia especializada
é muito pouco e muitos casos ocorridos em cidades com grande potencial
turístico como Porto Seguro são tratados em delegacias comuns e tem
alguns até que não vão adiante, isso deixa a população desanimada”,
avalia Oliveira.Promotora também critica deficiências – O Cedeca
informa ainda que na classificação de maus-tratos do sistema do
Ministério Público, estão incluídas as hipóteses de negligência. "Os
casos aumentam quando há um aumento também do número de visitantes.
Sejam eles estrangeiros ou não. Queremos a conscientização da população
turística para combater esse crime. Precisamos de uma polícia
investigativa mais intensa para inibir o ato”, completou o coordenador. |