A Bahia é o segundo estado do Brasil com o maior número de mortes em acidentes nas rodovias federais registrados em 2015, conforme o Atlas da Acidentalidade no Transporte Brasileiro, estudo lançado pelo Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST).
O estado, que teve 641 óbitos no ano passado, está atrás apenas de Minas Gerais, onde houve 961 mortes. Foram cerca de duas por dia na Bahia. Em terceiro lugar ficou o Paraná, com 584, seguido de Santa Catarina (461).
No país, foram registrados, em 2015, 122.007 acidentes nas rodovias federais, com 90.110 feridos e 6.859 mortos – este número corresponde a uma média de aproximadamente 19 mortes por dia.
Os dados do estudo foram obtidos por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na Bahia, também foram registrados 5.478 feridos e 7.084 acidentes. Na comparação com 2014, houve redução de 19% nos óbitos – caiu de 794 para 641.
Na comparação do primeiro semestre de 2016 com o mesmo período do ano passado também teve redução – foram registrados 288 óbitos contra 329 de 2015.
Segundo o policial rodoviário federal Diego Egito, do Núcleo de Comunicação da PRF-BA, das 18 rodovias que cortam a Bahia, a BR-101 é a campeã de acidentes graves, com 181 mortes. Em seguida, estão as BRs 116 (166 óbitos) e 324 (63 mortos).
Ele destacou que números registrados no estado têm relação, dentre outros fatores, com a malha viária de cerca de 11 mil quilômetros de rodovias federais, a segunda maior do país, perdendo só para Minas Gerais. “As BRs 101 e 116 são corredores de carretas que saem do Sul e Sudeste para outros estados do Nordeste. O fluxo de veículo é bem maior e as duas são de pista simples”, afirmou Egito.
Para o policial, a duplicação das pistas não seria a solução: “Seria uma boa medida, mas não a solução porque a maioria dos acidentes ocorre por imprudência dos motoristas. No entanto, a duplicação ajudaria a reduzir”.
Causas
Em 2015, segundo Egito, a maior parte das mortes (236) não foi presumida pela PRF-BA no boletim de ocorrências. A falta de atenção foi a segunda colocada (102). A terceira causa presumida foi ultrapassagem indevida (77), seguida por velocidade incompatível (73) e ingestão de álcool (46).
Dentre as dicas para evitar acidentes, ele destacou a prevenção como principal, além de atenção à sinalização de trânsito, não dirigir alcoolizado e ultrapassar somente em momento oportuno. “Mesmo que seja em local permitido, é preciso avaliar a distância e ver se realmente vai ter espaço para ultrapassar”, disse.
Especialista em segurança viária, Eduardo Biavati ressaltou que, no caso da Bahia, é preciso destacar a extensão da malha rodoviária e que o estado funciona como entrada do corredor de estrada do Sul com o Nordeste. “Um dos usuários mais frequentes é veículos de cargas que tendem a ser mais graves quando ocorrem acidentes”, disse.
Aliado a esses dois fatores, está, segundo ele, o principal: a quantidade insuficiente de radares para controlar a velocidade nas rodovias. “O controle de velocidade por radares é muito insignificante. Não teríamos tantas mortes e feridos se a velocidade de impacto fosse menor”, defendeu.
Segundo Biavati, países como a França conseguiram reduzir os índices com a implantação de radares e a eficácia na cobrança da multa: “A gente não consegue penalizar o excesso de velocidade no Brasil”.
Para ele, outros elementos, como a qualidade das rodovias e das sinalizações e a ausência de duplicação da pista, também devem ser levados em consideração .
A infração mais flagrada pela PRF-BA é o excesso de velocidade. A fiscalização, segundo o órgão, ocorre em trechos das rodovias onde há maior número de acidentes graves.
Pontos críticos de BRs na Bahia
BR-101
Trechos urbanos de Humildes, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Amargosa e São Felipe.
Km 403 Curva do Itamarati.
Km 448 Curva do Padre.
Km 489 Curva do Óleo.
Km 535 Curva do Cassimiro.
Km 544 ao 570 (Camacanzinho ao Trevo de Anuri) Alerta maior no km 554 com pista molhada – curvas perigosas.
Km 616 ao 654 (posto de combustível Paraíso a Ventania) Curvas perigosas.
Km 725 ao 740 Trecho sinuoso.
Km 748 ao 755 Curvas perigosas.
Km 825 ao 855 Trecho sinuoso.
Km 890 ao 950 Trecho sinuoso.
BR-116
Km 709 ao 934 Pontos referem-se aos perímetros urbanos de Cândido Sales, Vitória da Conquista, Povoado de Pé de Galinha, Povoado de Lagoa das Flores, Planalto, Poções e Manoel Vitorino, devido ao grande nº de pedestres, bem como tráfego local.
Km 0 ao 29,9 (Anel Rodoviário de Vitória da Conquista) Pontos localizados sobretudo nos cruzamentos existentes: Viaduto do Distrito Industrial, Pedra Branca, Trevo de Acesso a Brumado, Campinhos, Viaduto do Atacadão, Trevo de Acesso a Ilhéus e Acesso ao Bairro Urbis VI. Ressalta-se o km 7, onde existem dois condomínios residenciais com grande aglomeração de pessoas e veículos.
Km 568,0 a 573,6 Serra do Cem.
Km 637,6 a 644,6 Serra do Mutum.
Km 696,4 Curva do Abacaxi.
Km 426 ao 495 Trecho em obras de duplicação que requer cuidado e atenção redobrada nos desvios das mudanças de pista dupla para simples.
BR-116 Norte (Feira de Santana a Ponte do Ibó).
Pista simples com alto fluxo de carretas.
BR-324
Cuidado nos trechos urbanos (saída de Salvador, Amélia Rodrigues e Feira de Santana) devido ao fluxo intenso de veículos, com presença de pedestres, dentre outros, além de locais de entrada e saída de veículos, como próximo ao posto fiscal.
BR-324 Norte
Trecho de pista simples que requer atenção com animais soltos na via. PRF realiza frequentemente a Operação Curral Cheio para retirar esses animais. |