A Bahia ainda tem
registros de casos de pessoas submetidas a condições de trabalho degradantes, o
que segundo a legislação brasileira, configura o chamado trabalho análogo ao de
escravos.
Para o procurador Regional
do Trabalho, Jairo Sento-Sé, o combate à esta prática é contínua. "O combate é
uma das metas institucionais. Temos oito esferas de atuação que priorizam a
erradicação do trabalho escravo. Recebemos denúncias e montamos força tarefa
com a Polícia Federal, auditores fiscais do trabalho, e membros do Ministério
Público para libertar os trabalhadores, calcular o valor que eles têm direito e
orientar aos contratantes a assinarem as carteiras de trabalho”.
A região onde mais ocorrem
esses casos ainda é o oeste do Estado, que se une com as regiões sul do Piauí e
leste do Tocantins, pelo fato de por lá haver um modelo de propriedades rurais
de grandes extensões. Mas, não é só lá que o Ministério Público do Trabalho
(MPT) e os fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) têm localizado
vítimas dessa prática. Registros recentes dão conta de casos em Conquista,
Feira, Ilhéus e, até mesmo Salvador.
Atualmente, o MPT na Bahia tem 20 ações civil públicas tramitando na Justiça do
Trabalho por prática de trabalho escravo. Dentre elas destacam-se a ação contra
a CSO Engenharia e o Banco do Brasil, pelo flagrante de condições degradantes
de alojamento de 24 operários em uma obra do Minha Casa Minha Vida em Feira de
Santana; a ação contra a Mauricéa Alimentos, que em abril foi flagrada mantendo
24 trabalhadores em condições degradantes em uma fazenda no município de
Barreiras, a ação já julgada em segunda instância contra a Unacafé, na região
sul do estado, por um flagrante realizado em 2008, com 59 trabalhadores
resgatados.
Outros casos recentes
envolveram uma fiscalização no povoado de Limeira, município de Vitória da
Conquista, em agosto, com o resgate de 29 trabalhadores. Houve também o caso da
NTR Engenharia, empreiteira que prestava serviço ao Instituto Federal de
Educação da Bahia em Ilhéus, que foi flagrado mantendo cinco operários em
condições degradantes de alojamento em Ilhéus. O caso mais espantoso para os
fiscais do trabalho e os procuradores do MPT foi registrado em março deste ano
no bairro do Doron, em Salvador, quando 17 pessoas foram encontradas alojadas
em casas sem as mínimas condições de higiene, limpeza e conforto. Elas
prestavam serviço para a Telelistas. Net, através da empresa GAF Logística.
"Nestes ambientes há pessoas de todo tipo. Não há um perfil, é uma questão
eminentemente econômica. São desempregados em cidades sem estrutura. O cidadão
fica em situação vulnerável. Eles são persuadidos por contratantes, são pessoas
que chamamos de "gato”, que os convencem de melhorias de vida e trabalho digno.
O cidadão aceita no sonho de um trabalho que possa lhe promover melhorias de
vida”, conta Jairo Sento-Sé.
Em todos esses casos os trabalhadores são resgatados, levados para um alojamento
com condições dignas até que a empresa responsável pela contratação faça o
registro em carteira de trabalho e homologue as rescisões, além de providenciar
seu retorno para o município de origem. Em seguida, o MPT convoca a empresa
para que se discuta o ressarcimento à sociedade, através de pagamento de
indenização por dano moral coletivo. Caso não haja acordo, é ajuizada uma ação
judicial. As vítimas também podem requerer indenizações por danos morais em
ações individuais. Fonte: Bocão News |