Dezessete detentos do Conjunto Penal de Feira de Santana foram transferidos no início da tarde desta terça-feira (26) para o Presídio de Segurança Máxima de Serrinha. Os nomes dos presos transferidos não foram divulgados pela direção da unidade.
Pela manhã houve movimentação intensa de parentes na frente do presídio para saber quem seriam os transferidos.
Segundo informações, os 17 presos podem estar ligados á rebelião no pavilhão 10 iniciado na tarde de domingo (24) e que durou mais de 17 horas. Nove presos foram assassinados e quatro ficaram feridos, 49 parentes de presidiários foram feitos reféns, entre elas três gestantes e sete crianças, e armas de fogo foram apreendidas.
De acordo com o delegado João Rodrigo Uzzum, a rebelião foi motivada por uma briga entre gangues rivais
que estavam no mesmo presídio.
Vistoria de comissão da OAB
A Comissão de Vistoria Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil, na Bahia, (OAB-BA) esteve na manhã desta terça-feira no presídio para realizar uma inspeção na unidade. Em entrevista ao Acorda Cidade o presidente da comissão, Marcos Melo, informou que o objetivo da visita foi saber de perto o que aconteceu e tentar identificar o culpado pela rebelião.
“O que me chamou atenção, além das mortes, é que não havia pauta de reivindicação dos presos, mas sim o fato de que a tragédia foi provocada por desavenças entre duas facções rivais. O absurdo de tudo isso é que a maioria das mortes foi provocada por disparos de armas de fogo. Estamos tentando identificar de quem é a responsabilidade pela passagem das armas e por permitir duas gangues rivais no mesmo pavilhão. Não houve o cuidado devido”, ressaltou Marcos Melo informando que os parentes das vítimas podem acionar a Justiça contra o Estado por conta das mortes.
O Advogado Carlos Eduardo, vice-presidente da Subseção da OAB em Feira de Santana caracterizou como grave a presença de armas de fogo com os presidiários. Ele destacou também que até mesmo as armas brancas fabricadas na unidade apontam fragilidades na segurança do Conjunto Penal.
“Luta em favor do sistema previdenciário é lutar por toda a sociedade. A sociedade não tem a noção do quanto é importante que os presos seja tratados de forma digna para se ressocializarem. Esse amontoado de pessoas que virou o sistema prisional de Feira de Santana pode se virar contra nós que aqui fora”, alertou.
Falhas na segurança
Uma sindicância interna e a Polícia Civil investigam como as armas entram na unidade. O coordenador geral do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb), Geonias Santos, informou ao Acorda Cidade que o sindicato há muito tempo vinha apontando falhas na segurança da unidade e que foram apresentadas várias formas de entrar com material ilegal no Conjunto Penal por conta de falhas e da falta de scanners ou até mesmo jogando objetos pelo muro.
O Conjunto Penal tem capacidade para abrigar 608 detentos, mas abriga cerca de 1.500. Pelo menos 340 presos ocupavam o pavilhão 10, cuja capacidade é para 152 pessoas.
Fonte: Acordacidade
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