Estão suspensas, a partir da próxima segunda-feira (23), as vendas de
chips das empresas de telefonia móvel Oi, Claro e TIM em vários estados
do país. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (18) pelo presidente
da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende. As empresas, porém, não serão multadas – a não ser que descumpram a determinação de suspender as vendas.
No caso da TIM, a decisão vale para 19 estados brasileiros, enquanto
que para a Oi são 5 os estados. Para a Claro, as vendas serão suspensas
em três estados. Juntas, de acordo com dados da Anatel, essas empresas
respondem por 70,12% do mercado de telefonia móvel do país. A suspensão
foi motivada por reclamações registradas na Anatel entre janeiro de 2011
e junho deste ano.
A decisão, no que se refere à Claro, engloba os estados de Santa
Catarina, Sergipe e São Paulo. Sobre a Oi, a decisão da Anatel abrange
os estados de Amazonas, Amapá, Mato Grosso do Sul, Roraima e Rio Grande
do Sul. No caso da TIM, a suspensão da venda de chips engloba os
seguintes estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal,
Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,
Rondônia e Tocantins.
Mesmo
antes do anúncio formal da decisão, as ações da Oi e TIM já sofreram
perdas nos negócios desta quarta na Bolsa de Valores de São Paulo. A
Anatel informou que a TIM tem a pior média nacional e é a "pior"
operadora em 19 estados. Ao mesmo tempo, os estados com maior número de
reclamações foram Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal,
Pernambuco e Goiás.
A decisão, que engloba os serviços de voz e dados, foi motivada por
problemas na qualidade dos serviços prestados, informou a Anatel. As
avaliações são relativas à interrupção das chamadas, qualidade de rede e
atendimento ao cliente. As vendas poderão ser retomadas, segundo
Rezende, somente após as empresas apresentarem planos de investimentos, o
que deverá ser feito dentro de até 30 dias, contendo metas para
resolver problemas apresentados. De acordo com o presidente da Anatel, a
agência terá de aceitar as condições desses planos.
"É uma medida extrema para arrumação do setor. Queremos que as empresas
dêem uma atenção especial a qualidade da rede, principalmente com
relação às constantes interrupções que têm sido sentidas no mercado. É
uma solução extrema", declarou o presidente da Anatel, João Rezende. Ele
lembrou que o país terá desafios nos próximos anos, com o início do
serviço 4G, com a Copa das Confederações e, também, com a Copa do Mundo
de 2014.
Segundo Rezende, o mercado de telefonia móvel tem apresentado constante
crescimento no país, sendo cada vez mais demandado pela população
brasileira, principalmente com relação à internet móvel. "Os aplicativos
sociais têm exigido cada vez mais serviços, cada vez mais rede para os
usuários. Eles têm demandado muito esse serviço, exigindo qualidade nos
serviços das operadoras", acrescentou ele. De acordo com o presidente da
Anatel, os serviços, em alguns estados do país, chegam a registrar
índices de reclamação de 100% no que se refere à qualidade da rede.
A Anatel também informou que, embora não tenham de suspender a venda de
chips, as operadoras Vivo, CTBC e Sercomtel também deverão apresentar
um plano de melhoria dos serviços em suas áreas de atuação. Segundo o
superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, essas
operadoras também podem vir a ter a venda de chips suspensa caso não
apresentem este plano.
Posição das operadoras
A Oi argumenta que a análise da Anatel está defasada. "O entendimento
da Oi é que a análise está defasada em relação à evolução recente
percebida na prestação dos serviços. Os dados não consideram o esforço e
a concentração de investimentos realizados nos últimos 12 meses", disse
a operadora em comunicado.
A empresa citou como exemplo investimentos de R$ 290 milhões realizados
este ano no estado do Rio Grande do Sul - um dos cinco estados nos
quais será proibida de vender serviços. "Os dados divulgados não
refletem, por exemplo, a situação real do Rio Grande do Sul", diz a
operadora destacando que R$ 76 milhões foram dedicados à expansão e
melhoria da rede de telefonia móvel no estado este ano. A empresa
informou que investimento total dedicado à expansão de sua rede, entre
2012 e 2015, é de R$ 24 bilhões, sendo R$ 6 bilhões somente em 2012.
Em comunicado, a Vivo comentou que "realiza constantes avaliações sobre
o impacto que seus produtos e planos de serviço têm no aumento de
tráfego da rede antes de serem lançados”. A empresa acrescentou que
segmenta esses planos de acordo com o perfil de uso de seus clientes.
A TIM considerou a medida da Anatel extrema e anticompetitiva. "Tal
medida desproporcional da Anatel certamente afetará a competição no
setor de telecomunicações no País em beneficio de alguns concorrentes e
em prejuízo aos mais de 200 milhões de usuários [de telefonia móvel no
país]”, declarou a empresa em comunicado.
A operadora, que conta com 68 milhões de clientes e foi impedida de
vender seu serviço em 19 estados, argumentou que tem se destacado nos
indicadores de qualidade de rede e desempenho de atendimento da Anatel
(IDA). A operadora informou ter reduzido em 36% a taxa de reclamações no
primeiro trimestre de 2012 em relação a igual período do ano passado.
"Nos últimos quatro anos, a companhia investiu cerca de R$ 3 bilhões ao
ano na melhoria de sua capacidade e expansão de rede”, ressalta a
empresa.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel
Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) também questiona as bases analisadas
pela Anatel para determinar as sanções às operadoras. "A decisão foi
baseada em queixas apresentadas ao Call Center da Anatel, que não
revelam as reais condições das redes que suportam os serviços. A Anatel
considerou dados dos últimos meses, que não refletem os investimentos
realizados pelas prestadoras nesse período", afirmou em comunicado.
Na avaliação do sindicato que representa as operadoras, a proibição da
venda "pode afetar uma série de pequenas empresas, que têm como
principal fonte de receita a venda de chips de celulares, comprometendo
inclusive a oferta de postos de trabalho."
Fonte: G1
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