Aos 16 anos e ainda sem completar o ensino médio, Isabel Tolentino ocupa
uma das carteiras do curso de medicina da UFMS (Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul), em Campo Grande (MS), onde nasceu e mora.
Ela ingressou no curso por meio do Enem (Exame Nacional de Ensino
Médio). Aos 15 anos de idade, ela já podia ter ingressado no curso de
engenharia de produção na Universidade Federal de Pelotas (RS). "Não
quis isso porque estava no primeiro ano do ensino médio e não havia
definido "se gostava ou não do curso”, diz Isabel.
Isabel teve de recorrer à Justiça para garantir seu ingresso na
universidade. Até duas semanas atrás, ela frequentava medicina e o
ensino médio ao mesmo tempo. Agora, com uma permissão concedida pelo
desembargador Joenildo de Souza Chaves, do TJ-MS (Tribunal de Justiça de
Mato Grosso do Sul), a garota pode continuar os estudos só no ensino
superior.
Segundo o desembargador, a limitação de idade para cursar a faculdade
refere-se apenas à "capacidade intelectual da pessoa”. Os impedimentos
deixariam de existir por Isabel ter provado seus conhecimentos no Enem.
Filha única de um advogado e veterinário com uma psicóloga, Isabel diz
que conseguiu a vaga por ter "estudado mais que os colegas” no ano
passado. "Cursava o 2º ano durante o dia, mas à noite frequentava um
curso preparatório para o Enem. Agora, com a decisão, estou aliviada e
estudando menos.”
Isabel acha que as escolas devem preocupar-se mais com o Enem. "O
ensino médio se preocupa em questões específicas, já o Enem é mais
amplo. Tanto que só passei porque fiz um cursinho para o Enem”, diz.
A decisão de cursar medicina veio logo que entrou no ensino médio.
"Sempre gostei de biologia e de matemática”. Ela pretende se
especializar em genética médica ou em neurologia. Até que isso ocorra,
serão necessários mais oito anos – seis do curso de gradução mais dois
de especialização. Ou seja, aos 22 anos já poderá atuar como médica.
Isabel gosta de ir a shows, ao cinema e ao shopping nos fins de semana.
"Sou normal”, brinca. Durante o ensino básico, sua nota mais baixa foi
um oito em educação artística, disciplina da qual "não gosta muito”.
Já como estudante de medicina, ela já enfrentou sua primeira prova. "Tirei dez”, diz sorrindo a adolescente.
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