Desde o início dos ataques nas ruas do Rio de Janeiro e nas cidades da
região metropolitana, no domingo, pelo menos 36 pessoas morreram nos
confrontos com a polícia. Segundo o último balanço divulgado pela
Polícia Militar (PM) nesta sexta-feira, as últimas quatro mortes
aconteceram em Santo Cristo, Inhaúma e nos morros Gonçalves e
Juramento.
Ainda de acordo com o balanço, outras duas pessoas ficaram feridas.
Quatro suspeitos foram presos. Os policiais apreenderam ainda cinco
armas de fogo, oito coquetéis molotov e uma garrafa de gasolina.
Mais cedo, a polícia controlou os acessos ao Complexo do Alemão, na
zona norte da capital carioca. A troca de tiros matou um traficante
identificado Thiago Ferreira Farias, conhecido como Thiaguinho G3. PMs
acreditam que o ele fosse importante na hierarquia do tráfico em
decorrência do desespero dos comparsas que utilizavam um rádio de
comunicação.
O subsecretário de Planejamento de Integração Operacional da
Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, disse
que 800 homens do Exército foram designados para atuar no Complexo do
Alemão e na Vila Cruzeiro.
Violência
Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis
homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na
Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram
os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o
terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da
Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma
pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o
utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica
Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então,
os ataques se multiplicaram.
Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a
hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções
criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O
governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência
que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na
terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para
combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal
(PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três
detidos e três mortos.
Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas
favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança,
31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais
(Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos
confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser
baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um
caminhão foram queimados no Estado.
Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito
presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do
Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são
acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter
a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio
logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos.
Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas
e 37 veículos foram incendiados no Estado
Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em
confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Com isso, desde
domingo, o número de mortos na onda de violência nas ruas do Rio de
Janeiro e nas cidades da região Metropolitana chegou a 32. Durante o
dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram
na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o
começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados
fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e
35 veículos, incendiados.
Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de
Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o
Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e
Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria
Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência
ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam
enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias.
Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame,
anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.