Pelo menos 20 distritos de
municípios baianos terão uma possibilidade real de transformar-se em município,
caso a presidente Dilma Rousseff sancione na íntegra a lei que devolve às
assembleias legislativas a prerrogativa de criar cidades.
A Bahia atualmente possui mais de 100 distritos com potencial para serem
emancipados. Contudo, apenas 20 superam a primeira barreira imposta pela lei:
uma população superior à média das cidades de pequeno e médio portes da região.
No Nordeste, de acordo com
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a linha de
corte será uma população de 8.784 habitantes.
Além da população mínima,
o distrito também terá de coletar assinaturas de pelo menos 20% do eleitorado
local, provar que possui viabilidade econômica e ainda enfrentar um plebiscito
que vai abranger toda a população, incluindo a sede, para tornar-se um
município.
Plebiscito
Presidente da Comissão de Assuntos Territoriais e Emancipação, o deputado
estadual João Bonfim (PDT) afirma que a viabilidade econômica e o plebiscito
serão os principais obstáculos para a criação de novos municípios.
"A nova regra é muito mais rígida, o que afasta aquela impressão de que
haverá uma farra na criação de novos municípios", diz Bonfim.
No quesito plebiscito,
três distritos teriam amplas chances de vencer por ter uma população maior do
que a da sede do município. São eles Sambaíba (Itapicuru), Posto da Mata (Nova
Viçosa) e Vila do Café (Encruzilhada).
Outros cinco distritos -
Taboquinhas (Itacaré), Bom Sossego e Itubaça (Oliveira dos Brejinhos), Itabatã
(Mucuri) Suçuarana (Tanhaçu) e Salobro (Canarana) - teriam chances razoáveis,
pois têm população quase igual à da sede.
Dos distritos com
população inferior à da sede, somente dois têm grandes chances de emancipação,
por haver certo consenso no município sobre a necessidade de desmembramento.
É o caso do distrito de Santana do Sobrado, município de Casa Nova, onde até o
atual prefeito Wilson Cota é favorável à emancipação do distrito, que concentra
as principais vinícolas da região.
"Temos fontes de
renda, viabilidade econômica e apoio da população, inclusive da sede. Nossas
chances são grandes", atesta a representante da comissão pró-emancipação,
Isabela Rodrigues.
Situação semelhante vive o
distrito de Stela Dubois, também conhecida como Entroncamento, que pertence ao
município de Jaguaquara.
"Acredito que a gente
consegue facilmente os votos. Temos conversado com os moradores, inclusive da
sede, e a maioria é pela emancipação. Será bom para toda a região", avalia
Fernando Demídio, da comissão de Stela Dubois.
Por outro lado, distritos pertencentes a grandes cidades tendem a ter mais
dificuldades. É o caso de Humildes (Feira de Santana), Arraial d'Ajuda (Porto
Seguro) e Vila de Abrantes (Camaçari).
Nos dois primeiros, pesará
a perda de arrecadação. Humildes concentra grande parte das indústrias de Feira
de Santana, incluindo a Nestlé e a Pepsico. Já Arraial d'Ajuda concentra
pousadas e festas que geram arrecadação para Porto Seguro.
No caso de Vila de
Abrantes, a emancipação não impactaria fortemente na arrecadação, já que o Polo
Petroquímico fica na região da sede. Contudo, o desmembramento representaria a
perda das áreas de orla da cidade, como Jauá e Arembepe.
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