Em evento realizado nesta quinta (31), na Federação
das Indústrias do Estado da Bahia, o governador Jaques Wagner contestou a
existência do acordo feito com os professores. "Esse número de 22%
nunca existiu. Esse acordo, dessa forma, nunca foi feito. Por que a
intransigência tá do lado de cá e não no de lá?”.
Wagner comparou o aumento exigido pelos professores
com outros movimentos grevistas. "A greve dos rodoviários acabou com
7,5%. A dos metroviários em São Paulo com 6,5%. Eu, de boa-fé, já tinha
dado para todas as categorias 6,5%. Por que os professores têm que ter
22%?”.
O professor Rui Oliveira, da APLB, ressaltou que os
professores exigem o cumprimento de acordo assinado em 11 de novembro de
2011, no qual está firmado o compromisso de reajuste salarial da rede
estadual, tendo como base o piso salarial nacional, que este ano é de
22%, "nos anos 2012, 2013 e 2014, a partir de janeiro de cada ano”.
Mais de 1 milhão de estudantes estão sem aula em
toda a Bahia. A Secretaria de Educação estima que greve atinge as
escolas da rede estadual em cerca de 190 municípios.
Salários Apesar da empolgação, os professores não esqueceram
que continuam sem receber salários há dois meses, mesmo com a liminar
concedida pela Justiça, que determina ao governo o pagamento do salário
dos grevistas, que tiveram o ponto cortado. Muitos dizem estar passando
necessidades. "Ainda tenho água em casa porque moro em prédio e o
condomínio paga, mas daqui a pouco cortam a energia. Quando ligam me
cobrando, digo que vou passar o telefone do governador”, afirmou o
professor Ítalo Galo, 41 anos, que já teve o telefone residencial
cortado e diz depender de parentes e amigos para necessidades básicas.
Os
mais prevenidos, como Joselucia Barbosa Androzi, 46 anos, aprenderam
com as últimas greves e começaram a economizar. "Fiz meu fundo de greve
particular, desde a última paralisação quando cortaram nosso salário.
Guardo um pouco todo mês”, explica a professora. "Mesmo assim, a
geladeira está vazia. Comida é para o meu pai e para mulher que toma
conta dele. Eu almoço com a ajuda do sindicato”, conta Ana Barbosa.
Cartão
A professora Ana Lídia Magalhães, 46 anos, diz que até limite do
cartão de crédito dos colegas já usou para pagar conta. "E a gente que é
certinho, paga tudo em dia, fica agoniado por não ter condições de
pagar as contas, por ter que ficar atrasando e fazendo dívida”, conta.
Para Rui Oliveira, "o governador deu um golpe de estelionatário”, quando
no início do mês passado garantiu o pagamento para alguns professores,
que mais uma vez encontraram apenas zeros no contracheque. "O governo
não cumpre a decisão judicial, um desrespeito e um desserviço ao estado e
à sociedade. A greve continua e quem sabe não nos encontramos no 2 de
julho”, completa Rui Oliveira, presidente do APLB-Sindicato.
De
acordo com a assessoria da Secretaria de Administração da Bahia (Saeb), o
governo ainda não foi informado oficialmente sobre a decisão judicial
que ordena o pagamento dos salários dos professores. Mas a liminar
expedida pela desembargadora Lícia de Castro Carvalho, foi publicada
desde o dia 28 de maio, no Diário Oficial de Justiça, notificando a
população e o governo sobre a decisão.
Fonte: Correio*
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