Os colegas de trabalho Adriano Morais, auxiliar de laboratório
fotográfico, e Laércio Penha, técnico em recarga de cartucho,
normalmente, almoçam fora de casa. Como estratégia para economizar, os
amigos pedem um prato comercial por R$ 15, que serve duas pessoas, e
dividem o valor. "A diferença é que no prato feito só temos uma opção. E
no caso do comercial temos seis opções", conta Morais. Para eles, a
diferença de preço entre os dois pratos compensa: enquanto um prato
feito sai por R$ 5, o prato comercial, dividido por duas pessoas, fica
por R$ 7,50 para cada.
Quando questionado se já pensou em trazer uma
quentinha de casa para economizar, Penha justifica: "Não gosto de trazer
de casa, porque acho que o sabor muda. Também fico cismado com o cheiro
da comida achando que estragou", acrescenta.
Pesquisa O
costume de comer fora de casa não reflete apenas no bolso dos
consumidores, mas também nos seus hábitos alimentares. É isso que
comprova um estudo divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde. A
pesquisa aponta que 44,8% dos soteropolitanos estão acima do peso. Na
capital baiana, 46,7% dos homens e 43% das mulheres estão "mais
cheinhos". O argumento dessas pessoas é que comer fora de casa já é
caro, comer bem então, seria uma tarefa ainda mais difícil.
Não é
dessa forma que o gerente financeiro do restaurante Porto Bahia, no
Comércio, Márcio Carvalho, analisa a questão. Segundo ele, poucos
clientes estão preocupados em consumir alimentos mais saudáveis. Porém, o
restaurante oferece sete tipos de saladas.
Como o quilo da comida custa R$ 21,90, comer de uma
forma mais saudável pode ser uma escolha mais leve também para o bolso.
"Quem opta por saladas, por exemplo, não paga nem R$ 5, porque é um
prato mais leve. Já quando temos cozido e comida baiana, tem gente que
chega a colocar quase um quilo de comida no prato", explica Carvalho
sobre os alimentos que pesam mais na balança.
Outra opção feita
por muitos soteropolitanos é comprar uma quentinha na rua. Para o
especialista em planejamento de curto e longo prazos e professor da
Unijorge, Antônio Costa, essa pode ser uma boa estratégia para
economizar, deste que a pessoa conheça a procedência da comida e tenha
referência de outros consumidores.
"É muito mais barato e também pode ser uma comida de boa qualidade.
Já vi quentinha de tamanho pequeno por R$ 5, de tamanho médio por R$ 7 e
grande por R$ 10", comenta Costa. Sobre a opção de levar a comida de
casa para o trabalho, Costa analisa que para muitas pessoas essa é uma
tarefa complicada, por causa das outras tarefas que as famílias têm
quando chegam do trabalho, como cuidar dos filhos.
"Também é uma
questão de comodidade. Se paga um pouquinho a mais e se come na rua. Ou
então a pessoa vai ver dar meia-noite e ela vai estar na cozinha".
Lanches Outra
opção são os lanches, mas ainda assim os soteropolitanos não fazem
escolhas saudáveis. Dono de uma banca na região do Iguatemi, Antônio
Sampaio conta que oferece opções saudáveis, como açaí e sanduíches
naturais, mas os preferidos são os salgados, mais gordurosos, de R$ 2.
"Tenho vitaminas e suco de laranja. Também preparo sanduíches naturais. A
vitamina sai por R$ 3, mas as pessoas querem uma coisa rápida. Elas não
gastam entre cinco e dez minutos e saem para o trabalho", conta o
comerciante sobre a rotina dos soteropolitanos no início da manhã.
Comida com molho é mais cara e menos saudável A
nutricionista Ana Lúcia Lerio é categórica quando o assunto é fazer as
refeições fora de casa: é possível comer na rua com opções saudáveis. A
primeira dica da nutricionista é escolher um restaurante que invista na
variedade de pratos. Se for uma comida a quilo, por exemplo, dá para
preencher metade do prato com saladas, colocar feijão, arroz e uma
proteína, que pode ser uma carne branca ou um peixe.
Outra
recomendação é evitar as carnes com molhos. "Carnes, frangos e peixes
cozidos com molhos são mais calóricos, pois são mais gordurosos. Além de
saírem mais caros, porque a pessoa está pagando pelo peso do molho
também", analisa Ana Lúcia.
A nutricionista destaca também os
lanches que os soteropolitanos fazem pela manhã, normalmente, no lugar
do café da manhã. "Não é estranho você ver uma pessoa comendo um pastel e
tomando refrigerante às oito horas da manhã", condena. Para Ana Lúcia, a
saída seria passar em uma padaria para comprar um iogurte ou frutas da
época, como goiaba, tangerina e pêra, que não sairiam tão caras,
"Infelizmente, a correria faz com que as pessoas não priorizem suas
refeições".
Fonte: Correio*
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