Enquanto
cientistas do mundo correm em busca de uma vacina contra o vírus Zika,
pesquisadores no Rio de Janeiro constataram que a resposta pode estar em
uma vacina amplamente disponível, testada e adotada mundialmente: a da
febre amarela.
"Talvez a solução estivesse na nossa
frente o tempo todo", diz o médico Jerson Lima Silva, professor do
Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), um dos coordenadores de estudo divulgado na segunda-feira (25).
Conduzida por dezesseis pesquisadores da
UFRJ e da Fundação Oswaldo Cruz, a pesquisa concluiu que a vacina da
febre amarela protegeu camundongos da infecção do vírus em laboratório,
reduzindo a carga do vírus no cérebro e prevenindo deficiências
neurológicas.
"Apareceu como um ovo de Colombo", diz Silva, referindo-se à expressão
que descreve uma solução complexa que, depois de demonstrada, parece
óbvia.
"Nossa pesquisa mostra que uma vacina eficiente e certificada,
disponível para uso há diversas décadas, efetivamente protege
camundongos contra infecção do vírus Zika", diz o estudo, publicado
online que ainda precisa passar pelo processo de revisão por pares
exigido por periódicos científicos, que têm um trâmite demorado.
Esse sistema de publicação é adotado para
disponibilizar rapidamente resultados iniciais de pesquisas à comunidade
científica internacional.
A corrida por uma vacina contra a zika
começou em 2016, quando se comprovou a suspeita de que a doença
recém-chegada ao Brasil, até então considerada inofensiva, era a causa
do surto de bebês que nasciam com microcefalia e malformações
neurológicas - conjunto de sintomas hoje designado como síndrome da zika
congênita.
O surto levou o governo brasileiro e a
Organização Mundial da Saúde a decretarem situações de emergência,
posteriormente suspensas. Além dos graves problemas que pode causar nos
bebês durante a gestação, a zika é associada ao surgimento da síndrome
de Guillain-Barré em adultos.