A nota não detalha quando seria aumentada a tabela nem em que
percentual. A entidade reclama da falta de fiscalização nas estradas
pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A UDC pede mais
fiscais e postos de fiscalização que obriguem às transportadoras a
cumprirem a tabela mínima do frete.
"Pedimos imediatamente as seguintes providências afim de que a população
brasileira não sofra os danos de uma nova paralisação”, afirma a nota.
Os caminhoneiros da UDC também reclamam da atuação da ANTT e pedem a
dissolução da diretoria da entidade.
A possibilidade de uma manifestação perto das eleições, no entanto, já
era ventilada dias após a paralisação de onze dias em maio, como forma
de pressão política. De acordo com Gilson Baitaca, líder do Movimento
dos Transportadores de Grãos, do Mato Grosso, se a ANTT não se
posicionar até o dia 7 ou 8 de setembro, é grande o risco de haver novas
paralisações.
Baitaca também afirma que as transportadoras não estão cumprindo os
preços tabela do frete e não há fiscalização a respeito. "Queremos ver a
lei chegar na ponta, nos caminhoneiros que estão nas estradas",
afirma.
Nesta sexta-feira (31), a Abcam, entidade que reúne os motoristas autônomos, afirmou que pretende se reunir com o governo para
discutir o tema e que "fará o possível para evitar nova paralisação" da categoria.
A associação reafirmou neste sábado que se coloca totalmente contrária a
novas manifestações e que aguarda o posicionamento da Casa Civil sobre o
pedido de reunião. Durante esta sexta, circularam em aplicativos de
trocas de mensagens áudios, cuja autenticidade não foi comprovada,
convocando para paralisação a partir da madrugada de segunda (3).
A Abcam confirma ter detectado focos de insatisfação por aplicativos de
trocas de mensagem, mas diz ainda não ver mobilização suficiente para
nova paralisação. "A associação, que sempre acreditou no diálogo, fará o
possível para evitar uma nova paralisação", disse a Abcam, em nota
divulgada nesta sexta-feira.
De acordo com a Petrobras, o aumento médio no país será de 13%.
Considerando que o combustível representa 55% do preço final, o repasse
às bombas deve girar em torno de 7%, caso não haja aumento de impostos e
margens. Será a primeira alta expressiva no preço final desde o início
do programa de subvenção, resultado da alta do dólar e das cotações
internacionais.
O aumento desta sexta ocorre sem que o preço de bomba tenha caído os R$
0,46 por litro prometidos pelo governo —R$ 0,30 de subsidio mais R$ 0,16
de cortes de impostos. Entre a primeira semana de greve, em maio, e a
semana passada, a queda foi de R$ 0,41 por litro, segundo dados da ANP
(Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
O secretário executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Márcio
Félix, negou nesta sexta, porém, possibilidade de aumento do subsídio
para cobrir os efeitos da alta do dólar. "Não há espaço no orçamento da
União para colocar mais do que os R$ 9,5 bilhões que foram colocados no
programa de subvenção", disse ele, em entrevista após leilão de
contratos de petróleo do pré-sal.
"Estamos vivendo um momento delicado no mundo, não só no Brasil. O
câmbio está muito apreciado e o preço do petróleo também subiu",
argumentou Felix. "O que foi prometido pelo governo, o governo cumpriu."
Pelos próximos 30 dias, o preço médio do diesel vendido pela Petrobras
sobe para a R$ 2,2964 por litro, apenas R$ 0,0752 abaixo do recorde
atingido no dia 23 de maio, ainda no início dos protestos dos
caminhoneiros.
O reajuste autorizado pela ANP no preço de venda nas refinarias varia
por região: será maior na região Centro-Oeste (14,4%) e menor na Sudeste
(10,5%). Além do repasse da alta do dólar, o novo valor considera
ressarcimento às empresas pelo período em que o desconto não foi
suficiente para cobrir a diferença entre o preço tabelado pelo governo e
as cotações internacionais. Desde o dia 23, o desconto de R$ 0,30 vinha
sendo insuficiente –na quinta, a diferença superou R$ 0,50 por litro.
Nesta sexta, com a adoção dos novos preços, volta a R$ 0,30 por litro.
MARGENS
O reajuste foi definido com base em nova fórmula elaborada pela ANP, que
considera os custos para trazer o produto ao país, conceito conhecido
como paridade de importação. Embora tenha absorvido sugestões do
mercado, a fórmula foi alvo de críticas das empresas do setor.
Em evento no Rio nesta sexta, o gerente executivo de Marketing e
Comercialização da Petrobras, Guilherme França, disse que o preço novo
aperta as margens de lucro, mas não inviabiliza importações. "A gente
entende que ela [a paridade de importações] está um pouco pior, um pouco
mais restritiva do que a que vigorou [nas primeiras fases do programa].
Mas, no imite, em alguns pontos, a gente acha que ainda dá para fazer a
importação", disse ele.
A expectativa do mercado é que as importações por empresas privadas, que
inundaram o mercado na virada do ano mas se retraíram após o início do
programa de subvenção, permaneçam tímidas. "A fórmula como está é
terrível e compromete investimentos", afirmou no evento Ricardo Musa,
vice-presidente de Transporte, Distribuição e Trading da Raízen, que
opera com a marca Shell.
Com Reuter