Os arquivos da polícia gaúcha
registram duas queixas de agressão física contra Elissandro Callegaro Spohr, o
Kiko, um dos sócios da boate Kiss preso nesta segunda-feira. Ambas foram
comunicadas por clientes da danceteria. Um terceiro boletim de ocorrência encontrado
no banco de dados do Departamento Estadual de Informatica Policial (Dinp)
informa o envolvimento de Kiko em acidente de trânsito com lesão culposa. O
outro sócio preso, Mauro Hoffmann, tem o nome relacionado no mesmo banco de
dados a um caso de estelionato.
Sob
custódia da polícia gaúcha em hospital de Cruz Alta, onde alega que se internou
por causa da inalação de fumaça, Kiko Spohr foi acusado de agressão corporal na
danceteria no dia 18 de abril de 2010, mesmo ano do acidente de trânsito, como
descrevem os boletins policiais. O segundo caso de agressão a cliente da boate
ocorreu no dia 30 de janeiro de 2011. Já o caso de estelionato envolvendo Mauro
foi registrado no dia 20 de novembro de 2011. Estes boletins podem ou não virar
inquérito policial, dependendo a decisão da autoridade responsável pela área.
Embora
a polícia gaúcha o aponte como um dos donos da Kiss, Kiko tem em seu nome
apenas 96% de participação na empresa Verdes Vales Distribuidora de Pneus,
representante da GP Pneus em Santa Maria. Seu pai é dono da Pneus Continental.
Na cidade e na cena artística gaúcha, Kiko é tido como o empresário da
danceteria, responsável pela contratação das atrações, além de ser vocalista do
Projeto Pantana, banda que se apresentava com frequência na Kiss e na Absinto Hall,
outra casa noturna em Santa Maria ligada ao empresário Mauro Hoffmann.
A
conta de Kiko Spohr no Facebook foi palco, durante esta segunda, de um
confronto verbal entre amigos do empresário e internautas inconformados com o
descaso da boate com a segurança dos frequentadores. O dono de uma empresa de
produções artísticas, que pediu para não ser identificado, disse que Kiko não
gostava de pagar cachês alegando que o palco da Kiss, por ser uma das casas
noturnas mais conhecidas do Rio Grande do Sul, era uma vitrine para qualquer
grupo musical.
Kiko
já levou nomes como o de Dado Villa-Lobos, da Legião Urbana, para tocar na
Kiss, bem como subiu ao palco para tocar ao lado dos Cachorro Grande, uma das
bandas de rock mais conhecidas do Rio Grande do Sul. No site do Projeto
Pantana, ele aparece ao microfone numa das apresentações da banda, mas a página
do grupo foi retirada do ar.
Ao
depor no dia do incêndio, Elissandro admitiu que o alvará de funcionamento
estava vencido, mas que já havia pedido a renovação. Ele culpou a banda
Gurizada Fandangueira pelo início do incêndio e negou ter ordenado aos
seguranças que impedissem a saída dos jovens da festa na hora que o fogo
começou. Também negou ter retirado do local o computador que armazenava as
imagens gravadas pelas câmeras de segurança da boate. As gravações não foram
localizados na boate, razão pela qual a polícia pediu a prisão de Kiko, Mauro e
de dois integrantes da Gurizada.
No
fim da tarde desta segunda-feira, a Defensoria Pública do Rio Grande do
Sul ingressou com um pedido de bloqueio dos bens dos empresários Mauro
Hoffmann e Elissandro Spohr. O pedido foi deferido pelo juiz Jorge Afif. Fonte: Voz da Bahia |