Um dos quatro suspeitos de jogar gasolina e matar queimado um morador de rua de 26 anos confessou o crime e foi preso no quarto andar do Hospital Geral do Estado (HGE), onde está internado, em Salvador, nesta segunda-feira (9). O homem dormia enrolado em um papelão na Av. Joana Angélica, no centro da capital baiana, na madrugada de sábado (7). A vítima percorreu cerca de 300 metros gritando por socorro até encontrar um grupo de policiais militares na Estação da Lapa. A polícia o socorreu até o Hospital Geral do Estado (HGE), mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local com 60% do corpo queimado. A prisão do suspeito foi realizada por uma equipe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação do caso, depois de expedido um mandado pela Justiça. Ele permanece internado na unidade de saúde porque sofreu queimaduras na virilha e no rosto. Em sua primeira versão, ele disse que foi atingido porque passava pelo local, conhecido como "Gravatá", na ocasião do crime. Segundo ele, um grupo formado por três pessoas jogou gasolina em outra, que estava sozinha. "Eles pegaram o frasco, sacudiram e salpicou nele. Gasolina, você sabe, joga fogo, cria chama", relatou. De acordo com a polícia, um táxi transportou os suspeitos.
Socorro O tenente Jacinto Marciano, que, além de policial, é estudante do 5º ano de medicina, integrou a equipe de policiais que encontrou o rapaz com o corpo em chamas, gritando por socorro, na Estação da Lapa, centro da capital. "Estávamos aqui fazendo a ronda de rotina, quando de repente, ouvi um grito de socorro. Quando olhei, o indivíduo descia a escada gritando por socorro, parecendo uma bola de fogo, em chamas. Tinha eu e mais cinco policiais. Quando ele chegou perto de mim, eu pedi para ele deitar no chão e rolar para apagar as chamas. Tenho oito anos de trabalho e nunca vi uma coisa dessa. Foi uma cena trágica. Nunca imaginei que um ser humano poderia fazer uma barbaridade dessa", relata o policial militar. Temor Um homem que também vive nas ruas do centro de Salvador, e prefere não se identificar, conta já ter presenciado cenas de violência contra moradores de rua. "Matam a gente como se fosse passarinho. Vem de curtição, param os carros e saltam com barras de ferro. Lá na Barra eu vi um morrer com taco de beisebol na cabeça. São vários crimes assim. Não é o primeiro, não", relata. "Aqui a gente vê tudo. A pessoa está dormindo, 'neguinho' vem com uma pedra, larga na cabeça. Vem quatro, cinco [pessoas] com pedaços de pau e espanca. Muitas vezes compra drogas, não tem como pagar e acontece isso aí", diz outro homem que também prefere não se identificar. Fonte: G1 |