
Antônio Santana, de 46 anos, sofre com o sumiço da esposa que
desapareceu há nove dias da casa onde mora no bairro de Sussuarana,
periferia de Salvador.
Desde então, o catador de materiais recicláveis deixou de trabalhar e
fica em casa para cuidar da filha que tem apenas sete meses. Ele pede
ajuda para conseguir encontrar a mãe da criança.
"Eu não tenho leite. Só tenho para mais uma mamadeira. Não tenho mais
nada para ela e nem para mim", diz o pai da criança. Além de não saber
onde está a mulher, o pai sofre com o medo de não conseguir criar a
filha sozinha. "Eu não quero desprezar a minha filha. Não quero dar a
ninguém. Eu quero assumir e criar ela. Quando eu penso no aluguel da
casa e saber que eu não tenho para onde ir com ela. Para onde eu vou,
para debaixo da ponte?", teme.
A residência simples, de apenas dois cômodos, foi alugada há um ano e
cinco meses quando a família chegou de Santo Antônio de Jesus, no
Recôncavo Baiano, para tentar uma vida melhor na capital.
O marido diz que a mulher pareceu se despedir da filha quando saiu de
casa dizendo que ia colocar uma carta nos Correios. "Essa carta era para
a mãe dela, para ela colocar um documento e trazer de novo para que eu
possa registrar a minha filha com ela. Ela saiu com a roupa do corpo",
diz Antônio. "Eu acho que ela foi morar em Porto Seguro porque a mãe
dela sempre ligava dizendo que era para nós irmos morar lá" |