Apontado como líder de um esquema de fraude a licitações que teria
desviado mais de R$ 12 milhões nos municípios de Bom Jesus da Lapa, São
Félix, Serra do Ramalho e Coribe, o prefeito de Bom Jesus da Lapa e
presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro (PSD),
teria ameaçado testemunhas que tentam denunciá-lo desde 2011.
O escândalo que envolve
superfaturamentos e a contratação ilícita de uma
empresa para transporte escolar pertencente a Ítalo Silva (PSD),
prefeito de Serra do Ramalho e aliado do gestor, foi revelado nesta
sexta-feira (2)pelo Bahia Notícias (lembre aqui).
De acordo com os pedidos de afastamento dos gestores do PSD,
apresentados pelo Ministério Público Federal em 15 de outubro, Eures
utiliza o seu assessor, Mário Abreu Filardi, e o comando da Polícia
Militar (PM) de Bom Jesus da Lapa para intimidar ou tentar impedir quem
fala em fiscalizá-lo ou denunciá-lo pelos supostos esquemas de desvio e
concessões ilegais da prefeitura.
Nos depoimentos, Mário Filardi é descrito como articulador, perigoso,
violento e "operador financeiro” do esquema que já dura, pelo menos, 5
anos nas cidades, segundo as investigações. Homem de confiança de Eures,
Filardi teria recebido ordem do gestor para incendiar a casa de um
homem em 2011. Na época, o atual prefeito de Bom Jesus da Lapa era
deputado estadual, enquanto Mário Filardi ocupava cargo no seu gabinete
na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
"Mário é uma pessoa perigosa e foi um agente de Eures para tentar
incendiar minha casa”, relatou Edimar. A tentativa teria ocorrido após o
depoente ter feito representação na Polícia Federal e no Ministério
Público Federal, além de dar entrevista em uma rádio local sobre um
"hospital fantasma” não construído em Bom Jesus da Lapa em 2011.
Ainda segundo o informante, a maioria dos moradores do município tem
medo de denunciar irregularidades envolvendo Eures Ribeiro e Mário
Filardi por temer ameaças de morte. "O prefeito [Eures] se considera o
todo-poderoso, intocável, e pensa estar às margens da lei”, declarou uma
testemunha.
O atual presidente da União dos Municípios da Bahia é colocado, pelo que
se apurou, como "coronel” que utiliza o poder do cargo para operar o
esquema. Em outro caso que revelaria o comportamento intimidatório de
Eures, o MPF relata que ele chantageou professores que ingressaram com
ação judicial questionando direitos que entendiam legítimos.
O gestor também teria tentando embaraçar a fiscalização de órgãos de
controle e de políticos da cidade. O vereador Romeu Thessing (PCdoB)
teria sido impedido de fiscalizar a reforma da escola Jonas Rodrigues e
estaria sendo impedido de acompanhar os pregões, apontados como ilegais
pelo MPF.
Quem insiste em fiscalizar as licitações, segundo a denúncia, é
intimidado com a ameaça de registro criminal. Fato que pode ter
acontecido com o vereador Neto Magalhães (DEM) quando o mesmo tentou ter
acesso a um documento.
Procurado para repercutir as denúncias, Eures não quis atender a reportagem.
O CASO
O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal o afastamento
imediato e o bloqueio de bens do prefeito de Bom Jesus da Lapa e
presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro (PSD), e
do prefeito de Serra do Ramalho, Ítalo Rodrigo Anunciação (PSD). O MPF
solicitou o bloqueio de R$ 12 milhões em bens dos prefeitos, outras três
pessoas e uma empresa envolvida no esquema. O pedido está em sigilo,
mas o Bahia Notícias teve acesso ao documento.
Os prefeitos do PSD são investigados pelo envolvimento em um esquema de
enriquecimento ilícito na fraude de licitações e superfaturamento na
contratação do transporte escolar, reforma e construção de escolas,
fornecimento de materiais escolares e de combustíveis no município de
Bom Jesus da Lapa.
Fonte: A Bahia Acontece
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