Vários estudos, nas últimas décadas, chegaram independemente a essa
conclusão. O mais famoso deles, liderado por Edward Laumann, da
Universidade de Chicago, concluiu que apenas 29% das mulheres se dizem
realmente capazes de atingir o orgasmo com seus parceiros -- talvez
existam mais atrizes brilhantes entre nós do que o imaginado. Já 61%
delas se disseram capazes de fazê-lo se masturbando. Mesmo
para as mulheres que conseguem o orgasmo com seus parceiros, é bem mais
difícil chegar lá via penetração do que por estimulação do clitóris,
diz David Buss, psicólogo da Universidade do Texas. Ele cita estudos
que mostram que, mesmo nesse grupo, 40% das mulheres passarão a vida
inteira sem um orgasmo causado por penetração. Se o objetivo é fazê-la
feliz, é melhor, nas palavras do jornalista Xico Sá, esquecer a
"assepsia das novas gerações" e investir no sexo oral, portanto."Algumas
mulheres ficam preocupadas ou acham que estão perdendo alguma coisa
grande se elas não conseguem atingir o orgasmo apenas com a penetração
dos seus parceiros. Mas é bom que elas saibam que orgasmos vaginais não
são mais profundos, intensos ou prazerosos do que orgasmos via
clitóris, ainda que algumas mulheres que conseguem ter orgasmos dos
dois jeitos tenham as suas preferências", diz Buss, autor do livro "Why
Women Have Sex" (Por que as mulheres fazem sexo, inédito em português).Buss
tenta explicar o maior sucesso da masturbação feminina em comparação
com o esforço masculino: as mulheres já gastaram mais tempo explorando
quais são as partes do seu corpo mais sensíveis. Sabem, portanto,
atacá-las com mais eficiência. Como isso varia de mulher para mulher,
por mais experiente que um homem seja sexualmente, nunca vai ser a
mesma coisa. "Aquilo que faz Lisa gritar de prazer poderia muito bem
fazer a Linda sair correndo da cama", diz. Nesse sentido, fazer um
homem chegar ao orgasmo é muito mais simples.O sexo, então,
tende a melhorar com o tempo em um relacionamento (apesar de outros
fatores, como brigas, tédio ou desejo por outras pessoas, fazendo força
no sentido oposto). "Por isso, é importante que as mulheres mostrem aos
homens do que gostam, nem que seja direcionando-os para suas partes
favoritas do corpo. Mas muitas mulheres não fazem isso porque têm medo
de ofender seus parceiros. E, de fato, muitos podem reagir mal."POR QUE NÃO?Os
médicos nunca encontraram, porém, diferenças físicas entre as mulheres
que têm muitos orgasmos e as que não conseguem chegar lá. O que varia
entre elas, portanto, é o fator emocional. Uma mulher preocupada tem
mais dificuldade para atingir o orgasmo, diz Buss. Elas precisam de
mais concentração do que os homens. Somente eles vão ser felizes,
portanto, se "elas tiverem que se preocupar com os filhos (ou os pais)
escutando tudo no quarto ao lado". Ficar pensando na quantidade de
trabalho a fazer, no quanto o parceiro já não é mais tão atraente ou
sentir culpa por estar estar naquele lugar também não ajuda.Esse
fator emocional pode, claro, variar entre culturas distantes. Se, em
algumas sociedades o orgasmo feminino é tabu, existe um local que é o
paraíso da mulher insatisfeita sexualmente: a ilha de Mangaia, uma das
Ilhas Cook, na polinésia.Na cultura dos nativos, o orgasmo
feminino é idolatrado e homens que notoriamente não conseguem fazer com
que suas parceiras alcancem esse prazer são vistos com maus olhos pelos
colegas. "A empresa Air Rarotonga oferece quatro voos por semana para
lá", recomenda Buss, brincando. Os antropólogos não encontraram, por
lá, mulheres se queixando. "Faz todo sentido, porque, ao contrário dos
homens, as mulheres precisam aprender a ter um orgasmo", diz Buss. |