 Um trabalho elaborado por pesquisadores do Centro
de Terapia Celular (CTC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP-USP) resultou na identificação de um gene,
conhecido pelo nome de Hotair, que é responsável pela disseminação do câncer de
um órgão para outro.
Conforme publicado na revista Stem Cells no mês de
setembro e pelo site Uol na quarta-feira (30), ainda é cedo para dar certeza,
mas o bloqueio da ação do Hotair pode ser uma forma de combater a metástase no
futuro e permitir que o câncer seja tratado apenas no local original,
aumentando as chances de cura.
O estudo indicou que o RNA fabricado pelo gene
localizado no cromossomo humano 12 é responsável pela ativação, no tumor, da
chamada transição epitélio-mesenquimal (EMT, em inglês). O processo altera a
morfologia e a funcionalidade de uma parcela das células do câncer, fazendo com
que as células epiteliais do tumor se transformem em células mesenquimais,
"passando a se comportar como se fossem células-tronco do câncer",
conforme disse ao geneticista Wilson Araújo da Silva Junior, do CTC, à Revista
Fapesp.
"As células do câncer ganham a capacidade de
se desprender do tumor original, migrar pela corrente sanguínea e aderir a
outros órgãos e gerar novos cânceres", explicou o autor do estudo. A EMT,
que é uma transformação que normalmente acontece nos primeiros estágios de
desenvolvimento de um embrião e participa da geração de diferentes tipos de
tecido de um organismo, também está ligada a processos de cura que incluem a
formação de fibroses e a regeneração de ferimentos, tornando-se um processo
benéfico para a manutenção da vida nessas situações. Ela também ajuda a perpetuar
as células do próprio tumor original, além de promover o processo que espalha a
doença pelo organismo via metástase.
A quimio e a radioterapia matam a maior parte das
células do câncer. Contudo, isso não acontece com as que fizeram a transição epitélio-mesenquimal
("células-tronco do câncer") e é por meio delas que o tumor original
volta a aparecer, seja no mesmo ou em outro lugar. Os pesquisadores da USP
trabalharam com células de câncer de mama e de cólon, modelos que, segundo o
biólogo Cleidson Pádua Alves, responsável pelo pós-doutoramento no centro da
USP e primeiro autor do artigo, são muitos usados nesse tipo de estudo.
Os cientistas viram que, ao ministrar um fator de
transformação chamado TGF-β1 em células de câncer cultivadas em vidro, o RNA
Hotair era ativado, alterações no funcionamento de uma série de genes acontecia
e, por fim, ocorria a transição epitélio-mesenquimal. O processo se tornava
mais intenso a depender da quantidade de vezes em que o Hotair era acionado.
Entretanto, se o gene que produz o RNA Hotair fosse neutralizado, a EMT não
acontecia. As informações são do iBahia. Fonte: Acorda Cidade
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