
Liderando um grupo de mais de vinte entidades ligadas aos direitos
humanos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviará, na próxima semana,
representação ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, contra os
parlamentares Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ). A entidade
quer que a Corregedoria da Câmara puna os dois por quebra de decoro parlamentar
em virtude de divulgação de vídeos considerados difamatórios.
Em um dos vídeos, Bolsonaro teria editado a fala de um
professor do Distrito Federal em audiências na Câmara para acusá-lo de
pedofilia e utiliza imagens de deputados a favor da causa homossexual para
dizer que eles são contrários à família.
Para o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da
OAB, Wadih Damous, essas campanhas de ódio representam o rebaixamento da
política brasileira. "Pensar que tais absurdos partem de representantes do
Estado, das Estruturas do Congresso Nacional, é algo inimaginável e não podemos
ficar omissos. Direitos Humanos não se loteia e não se barganha", disse.
Indignado com os relatos feitos por parlamentares e defensores dos direitos
humanos durante reunião na sede da entidade, Damous garantiu que "a
Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB será protagonista no enfrentamento
a esse tipo de atentado à dignidade humana".
A campanha difamatória vem sendo difundida na internet contra
os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Domingos Dutra (PT-MA)
e os ativistas Tatiana Lionço e Cristiano Lucas Ferreira, ambos do Distrito
Federal. Na reunião com a CNDH da entidade dos advogados estiveram presentes,
além dos deputados acusados na campanha difamatória, representantes da
secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do
Conselho Federal de Psicologia, e ativistas dos movimentos indígena, de
mulheres, da população negra, do povo de terreiro e LGBT. O deputado
Jean Wyllys considerou o encontro extremamente importante para levar para o
centro das discussões um tema que é normalmente tratado como um tema menor da
política e relegado à periferia aos assuntos de interesse da OAB. Segundo ele,
a Frente em Defesa dos Direitos Humanos e Minorias vem fazendo o possível para
que os responsáveis pela campanha difamatória não permaneçam impunes. No
entanto, o assunto precisa receber uma atenção maior do governo federal,
admitiu o parlamentar" "Estamos falando de um ataque criminoso
de parlamentares contra cidadãos brasileiros", disse o parlamentar.
"Eu fico muito feliz com essa decisão da OAB porque o sentimento de
desamparo que esses ativistas estão sentindo eu também experimentei. Só que eu
tenho uma vantagem: sou deputado federal e tenho minimamente uma estrutura que
pode servir de defesa pra mim". Fonte: Camaçari Notícias |