Antes de iniciar de fato o assunto, quero dizer que apesar de algumas
citações mais fortes reconheço toda a importância da imprensa e todos os
avanços obtidos nas últimas décadas no que se refere ao respeito acima
de tudo, a liberdade e os grandes serviços prestados a essa nação.
Observando as datas comemorativas e feriados dei-me conta que no dia de
ontem, 1º de Junho, foi comemorado o dia da Imprensa. Essa data foi
escolhida em homenagem à circulação no Brasil do primeiro jornal
impresso, em 1808. O jornal Correio Braziliense foi lançado em Londres
por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, mas seus
exemplares eram enviados ao Brasil.
Desde então milhões e milhões de pessoas que ingressaram nessa
atividade cultivaram o sonho de liberdade de expressão do pensamento, em
face de pertencermos a um estado democrático de direito. Garantia essa
que vem desde a Constituição do Império e, mesmo que tenham sido
restringidas em alguns momentos da história do Brasil, nos tempos atuais
estão explícitas na Constituição de 1988 por meio do artigo 5º, incisos
IV, VIII e IX, e artigo 220 no parágrafo 2º.
Certa feita eu participava de um desses congressos e seminários onde
tanto se aborda essa utopia da "liberdade de expressão do pensamento” e
acompanhei um rápido debate entre dois profissionais da comunicação. Um
deles ao utilizar a palavra afirmou que os profissionais de imprensa
detinham o poder da transformação social por meio da comunicação nas
suas diversas formas. Já o outro afirmou que os profissionais não
detinham poder algum além do que lhes era concebido pelos diretores dos
veículos de comunicação que pagavam seus salários. Esse embate verbal
nunca mais saiu da minha cabeça e tenho aprendido à duras penas ao longo
de todos esses anos que o segundo profissional tem toda a razão.
"Os meios de comunicação sempre foram serviçais da promoção de uns
poucos privilegiados, da omissão ou maquiagem fatos e informações,
mancomunados para o bel prazer dos que realmente detém o poder da
mídia”.
Vivemos em uma ditadura disfarçada de democracia, ou como dizia meu pai,
(ele ainda vive, mas hoje não diz por ser evangélico), "demôniocracia”,
onde tudo gira em torno do capital financeiro bem como dos interesses
pessoais e políticos de uma determinada pessoa ou grupo. É como se lhe
dissessem que você pode ser "democrático e livre para opinar”, desde que
não contrarie as opiniões de quem está acima hierarquicamente, e assim
sendo não existe liberdade para quem faz a comunicação, e sim para quem
manda e paga para fazer a mesma, o que nesse contexto nos torna meros
coadjuvantes ou como se diz no popular, "maria vai com as outras”,
(risos).
"A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia”.
Vimos muitas iniciativas no campo da comunicação surgirem na tentativa
de contenção a esses atos, porém todas sucumbiram, tornaram-se iguais ou
piores do que a mídia podre que queriam combater pois copiaram seus
maus hábitos e maus costumes, inclusive na forma ditatorial de
gerenciar, coagindo seus profissionais a serem tão somente objetos de
reprodução de pensamentos, escada para que outras pessoas recebam
honrarias e elogios. Resumindo, não estamos com essa bola toda!
E para finalizar gostaria de deixar um pensamento que exprime o tudo o que tenho vivenciado nos últimos dias.
"Todos aqueles que falam destemidamente a verdade e expressam
verdadeiramente suas opiniões e pensamentos esperam o desprezo e a morte
como recompensas”
Fonte: Milton Santos
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