A agência espacial americana divulgou na noite desta sexta-feira (23)
o horário e locais aproximados de entrada do satélite UARS (Satélite de
Pesquisa da Atmosfera Superior, na sigla em inglês), desativado em
2005. Segundo comunicado, a queda acontecerá na madrugada deste sábado,
entre meia noite e quatro da manhã, horários de Brasília. Nesse período,
ele estará sobrevoando Canadá, África e Austrália, bem como vastas
áreas dos oceano Pacífico, Índico e Atlântico. Por conta disso, informa a
Nasa, os riscos à segurança de civis é bastante remoto.
Os cientistas da Nasa calculam que o satélite se despedaçará ao entrar
na atmosfera e que pelo menos 26 grandes peças sobreviverão às altas
temperaturas do reingresso e cairão sobre a superfície da Terra. A
probabilidade de algum desses restos do UARS atingir uma pessoa é de uma
em 3.200, segundo a Nasa. Para comparação, estima-se que o risco de uma
pessoa que viva até os 80 anos ser atingida por um raio é de 1 em 10
mil. Imagina-se que os destroços possam se espalhar num raio de até 800
quilômetros em relação ao ponto de impacto.
O aparelho pesa 5,675 toneladas e tem o tamanho de um ônibus. A previsão inicial era que o satélite cairia no final de setembro ou
no início de outubro, mas sua queda foi antecipada pelo forte aumento da
atividade solar na semana passada. Mas os ventos solares diminuiram nas
últimas horas, o que desacelerou a queda do UARS.
O satélite voa sobre boa parte do planeta, entre 57 graus a norte e
57 graus ao sul da linha do Equador. Ele foi colocado em órbita pelo ônibus espacial Discovery em
1991 para estudar o ozônio e outros componentes químicos na atmosfera
da Terra. Ele completou sua missão em 2005 e vem, desde então,
lentamente perdendo altitude, puxado pela gravidade.
Evento corriqueiro
Segundo Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian,
nos Estados Unidos, pedaços de foguetes e satélites voltam à Terra
todos os anos, sem nenhum dano. Ele lembrou que só este ano dois grandes
pedaços de foguetes russos já caíram na Terra, sem grandes
repercussões. As chances dele atingir alguém são muito pequenas. Eu não
me preocuparia," disse à AP. Não há registros de pedaços de lixo
espacial machucando pessoas ou danificando propriedades.
Em 1991, quando o UARS foi lançado, a Nasa não se preocupava ainda com o
destino de satélites quando estes fossem desativados. Atualmente, todo
equipamento espacial é projetado ou para se queimar completamente na
reentrada atmosférica ou para ter combustível suficiente para ser
manobrado com segurança de volta à Terra ou ao espaço sideral. Isso
inclui a Estação Espacial Internacional, que deve ser desativada por
volta de 2020.
Mesmo a antiga estação russa Mir caiu no Pacífico com segurança, em
2001. Mas sua predecessora, a Salyut 7, caiu sem controle em 1991. O
último retorno de satélite sem nenhum tipo de manobra da Nasa foi em
2002.
O caso mais famoso de queda sem controle foi da estação experimental
Skylab em 1979, da Nasa, que gerou milhares de apostas sobre onde ela
iria cair, para no fim despencar no Oceano Índico e em partes remotas da
Austrália.
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