Um ano depois do ex-detento Gilvan Clécio de Assis, 34 anos, seqüestrar
num shopping da capital baiana e logo depois matar a pediatra Rita de
Cássia Tavares Giacon, 39, em agosto do ano passado, durante benefício
de saída temporária de Dia dos Pais, 1.011 internos do regime
semi-aberto deixarão, até o próximo domingo, as unidades do sistema
prisional baiano. Apesar das promessas de maior rigor na liberação,
desde então, os critérios usados para a saída continuam os mesmos. Uma
única psicóloga avalia a saída dos internos e entre 8% a 10% dos
beneficiados não retornam ao cárcere. "Nem todo preso passa por
psicóloga porque não existe uma obrigatoriedade da legislação. Quando o
juiz entende a necessidade, ele pede um laudo", afirmou a presidente do
Conselho Penitenciário do Estado da Bahia, Alessandra Prado. Delegados
e agentes de polícia reclamam da medida. "Quanto mais marginais que
ainda não tenham cumprido suas penas estiverem nas ruas, maior o perigo
para a sociedade", afirmou o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos,
titular da 5ª CP (Delegacia de Periperi), uma das regiões onde mais
ocorrem homicídios em Salvador. Para ele, não existe um processo de
ressocialização satisfatório, o que contribui para a reincidência dos
criminosos. "Sabemos por conta da experiência que temos nas delegacias.
Muitos presos acabam sendo detidos duas, três vezes praticando os
mesmos delitos. Apesar disso, defendo a efetivação da legislação",
disse o titular. |