Augusto Omolú, professor, assistente de direção do Balé do Teatro Castro
Alves (TCA) e um dos Fundadores da Escola de Dança da Fundação Cultural do
Estado da Bahia (Funceb), foi encontrado morto neste domingo (02), na Chácara
Omolu em Lauro de Freitas. Segundo informações da polícia, Augusto foi
encontrado com um tiro no rosto e perfurações de faca pelo caseiro do local.
Ainda não há informações sobre a autoria do crime. O caso está sendo
investigado pelo Departamento de Polícia Técnica.
A Secretaria de Cultura (SecultBA), a Fundação Cultural do Estado
da Bahia (FUNCEB) e a diretoria do Teatro Castro Alves se manifestaram por meio
de notas enviadas à imprensa, lamentando o falecimento do artista.
Uma manifestação contra o assassinato de Omolú está programada para acontecer
nesta segunda-feira (3), às 8hrs, e a concentração será na porta da Escola de
Dança da Funceb, no Terreiro de Jesus, no Pelourinho.
O velório e sepultamento do artista ainda não têm data e local confirmados.
Confira as notas na íntegra:
A Secretaria
de Cultura (SecultBA) e a Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB)
lamentam imensamente a perda do grande bailarino, coreógrafo e educador Augusto
Omolú, e se solidarizam com a dor da família e amigos que foram surpreendidos
pela violência de seu falecimento. Com uma história profissional de mais de 30
anos, iniciada como aprendiz de Mestre King e Emília Biancardi, este
soteropolitano, ícone da dança brasileira, com carreira internacional
reconhecida, era especialista em danças afro-brasileiras.
Omolú integrava o Balé Teatro Castro Alves
(BTCA) há mais de três décadas. Ao lado do curador artístico da companhia,
Jorge Vermelho, estava vivendo um processo de transição para ocupar o posto de
assessor artístico do grupo. "É uma tristeza muito grande. O BTCA fica vazio.
Augusto Omolú sempre foi muito intenso, de alegria contagiante, uma presença
que só fazia somar. Era uma figura de muita produtividade, amigo e companheiro
muito importante. Resta-nos a indignação diante da violência que assola o país.
Fico muito triste de receber e compartilhar esta notícia com a classe da dança
da Bahia”, lamenta Jorge Vermelho.
Comprometido, íntegro e querido por todos,
Omolú retornou ao Brasil há cerca de dois anos, após viver na Dinamarca como
membro do Odin Teatret, fundada e dirigida por Eugenio Barba, uma das mais
importantes e respeitadas companhias do mundo. Desde então, estava atuando como
professor da Escola de Dança da FUNCEB, onde ministrava aulas de qualificação
profissional e de cursos livres a partir de sua pesquisa e trabalho com a
dramaturgia da dança dos orixás, compreendida não apenas como técnica, mas
também como um pensamento que ele sistematizava com cada vez mais competência.
"Estamos perdendo não apenas o Augusto artista,
mas o Augusto educador. Um cidadão comprometido com a arte e com a educação
baseada na inclusão de crianças e jovens. Tive a felicidade de conhecê-lo e
conviver de perto com ele e com a sua sensibilidade durante os últimos dois
anos”, afirma Beth Rangel, diretora da Escola de Dança e do Centro de Formação
em Artes da FUNCEB, que acredita que os ensinamentos deixados por Omolú ficarão
marcados em muitos seguidores e admiradores. Durante o período na Escola, ele
articulou parcerias com ações como o Projeto Axé e buscava encontrar soluções
para a inserção dos alunos na sociedade, numa luta contra a exclusão e a
violência. "Ele era um artista brilhante e um professor de mão cheia. Voltou de
sua temporada estrangeira ainda melhor enquanto pessoa e artista. Eu o vejo de
forma muito diferenciada. Com uma atuação peculiar no que diz respeito à
ligação da questão artística à questão humana. Não são todas as pessoas que têm
esta habilidade de unir pessoas e grupos, nem mesmo tamanho respeito à coisa
pública, ao espaço público”, completa Beth.
Augusto Omolú foi encontrado morto em sua
residência, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador,
neste domingo, 2 de junho de 2013. O velório e sepultamento ainda não têm data
e local confirmados.
Nota do TCA
O Teatro Castro Alves vem a público comunicar
que lamenta profundamente o falecimento do artista baiano Augusto José da
Purificação, de 50 anos. Mais conhecido por todos como Augusto Omolú, o ator,
dançarino e coreógrafo é uma referência mundial e ocupa um lugar de destaque na
construção, difusão e popularização da dança produzida na Bahia. A
trajetória de Omolú se confunde com a própria criação do Balé Teatro Castro
Alves, já que o artista se juntou ao grupo ainda em 1981, ano de fundação deste
que é um dos atuais corpos artísticos do TCA. Augusto Omolú integrou o elenco
de diversas produções da companhia e, muitas vezes, atuou como solista destes
espetáculos. Parceiro constante do grupo nesses mais de 30 anos de história, o
baiano se preparava para assumir o cargo de assessor artístico do BTCA. Omolú
foi um dos fundadores da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da
Bahia (Funceb). Desde 2002, o baiano integrava o elenco da célebre Odin
Teatret, companhia dinamarquesa fundada em 1964, pelo diretor italiano Eugenio
Barba. Omolú tornou-se também colaborador e professor da ISTA (Escola
Internacional de Antropologia Teatral), um núcleo artístico de pesquisa e
formação criado por Barba e sediado nas instalações do Odin, na cidade de
Holstebro, na Dinamarca. Durante seu percurso como artista, Omolú foi
responsável pelo desenvolvimento de uma dramaturgia da Dança dos Orixás,
inspirada nas raízes do candomblé brasileiro e com base nos princípios da
antropologia teatral. O artista é criador de um estilo único e particular
fundado nos elementos da dança brasileira de matriz africana. Diante desta
triste notícia, o TCA solidariza-se com os familiares, amigos e com toda a
classe artística, esperando que este fato seja dignamente investigado e
esclarecido. A equipe do Teatro Castro Alves estará presenta na manifestação
organizada pela classe artística baiana e que acontecerá nesta segunda (3/6),
às 8h da manhã. O ponto de encontro será na porta da Escola de Dança da Funceb,
no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. |