O jovem que incluiu uma receita de
miojo no meio da prova de redação do Enem virou centro das atenções nas redes
sociais e também na Universidade de Lavras, onde estuda engenharia civil.
Carlos Guilherme Custódio Ferreira tem 19 anos e diz que fez a prova 'por
fazer' e, ainda assim, conseguiu 560 pontos. Os amigos também aproveitam a
'fama' e fazem piadas com a redação. "Gui, na próxima redação você pode lançar
o frango gratinado que te ensinei sábado”, escreveu o amigo Romano Lopes na
página de uma rede social. No texto de Carlos Guilherme, não há absurdos
ortográficos. Mas, no meio da redação, no terceiro parágrafo, ele foge
completamente do tema ("Movimento imigratório para o Brasil no século
21"), e escreve uma receita de miojo. Mesmo assim, sua nota foi 560
pontos. "Quando fiz o Enem, já estava na faculdade e gostando muito
do meu curso. Então, fiz a prova por teste mesmo. Como falaram que a correção
seria mais rigorosa, passando por três avaliadores, resolvi incluir a receita
para ver se realmente teria uma avaliação diferenciada”. "Simplesmente
veio à minha cabeça enquanto fazia a prova”, contou. Nesta segunda-feira, o
jornal O Globo publicou reportagem relatando que redações que
receberam nota 1000 no Enem tinham erros grosseiros de português.
O
estudante, que morava em Campo Belo (MG) com os pais e se mudou para Lavras
para fazer o curso superior, afirma que não queria debochar dos corretores. O
objetivo era testar a eficiência da correção do Exame Nacional do MEC. "Fiquei
surpreso quando vi o resultado. No caso, era para eu zerar, porque fugi do
tema. Confirmei o que desconfiava que não corrigisse todas as redações direito,
já que são muitas”.
Repercussão
Carlos
ficou sabendo da repercussão de sua prova na mídia na manhã desta terça-feira
(19), quando acordou e abriu sua página no Facebook. Vários amigos postaram
mensagens sobre sua redação, mencionando que ela tinha ficado famoso. "Não
esperava tanta repercussão. Meus amigos estão achando engraçado e falando que
sou corajoso. Acho que, neste ano, a correção da redação será bem mais
rigorosa. Se for pensar por este lado, o que fiz foi bom”. Carlos recebeu
120/200 (60%) na competência 2 da correção, em que são avaliadas a compreensão
da proposta da redação e a aplicação de conhecimentos para o desenvolvimento do
tema. Pela nota, o Ministério da Educação (MEC) entende que o estudante abordou
o tema de forma "adequada”, embora "previsível” e com "argumentos
superficiais”. Na competência 3, na qual é avaliada a coerência dos argumentos,
o candidato recebeu 100/200 (50%).
Procurado pelo O Globo nesta segunda-feira (18), o Ministério da Educação (MEC)
afirmou, por meio de nota, que "a presença de uma receita no texto do
participante foi detectada pelos corretores e considerada inoportuna e
inadequada, provocando forte penalização especialmente nas competências 3 e 4”.
O órgão entende que o aluno não fugiu do tema nem teve a intenção de anular a
redação, pois não feriu os direitos humanos e não usou palavras ofensivas.
Fonte: Correio |