O Sindicato dos Médicos da Paraíba (Simed-PB) divulgou nesta segunda-feira (19) um vídeo que mostra uma furadeira de parede sendo usada no pé de um paciente durante cirurgia realizada no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa (PB).

Furadeira de parede em hospital na Paraíba

Nesta terça (20), o presidente do Simed-PB, Tarcísio Campos, disse que o vídeo foi feito por um médico que trabalha no Hospital de Trauma no último dia 10, durante uma cirurgia ortopédica. Segundo ele, o paciente teria sofrido um acidente de moto e sido levado para o Trauma. Chegando lá, foi direto para a sala de cirurgia. Sem alternativa, os médicos teriam recorrido à furadeira de parede para realizar o procedimento.

Segundo Campos, o médico (que não teve o nome revelado) fez a gravação e entregou ao sindicato, que por sua vez pediu providências ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB). "O vídeo mostra o uso da furadeira. Podemos constatar isso através das roupas dos médicos que identificam o hospital”, disse o presidente. 

Campos disse que "nenhum médico faria uma cirurgia fora do hospital, bem como o paciente também não”. Segundo ele, depois da denúncia do uso da furadeira, o Hospital de Trauma adquiriu dois craniotómos (equipamento adequado), mas a quantidade seria insuficiente para atender às necessidades da unidade. "São em média dez cirurgias diariamente, e dois craniotómos não dão conta.”

Ainda de acordo com o presidente do Simed-PB, o órgão protocolou um ofício junto à direção do Trauma para que seja oferecido aos profissionais material de trabalho adequado. Ele disse acreditar que a furadeira, pelo menos atualmente, não está sendo usada nas cirurgias.

O uso de furadeira de parede em cirurgias no maior hospital da Paraíba foi divulgado pela primeira vez no início de setembro pelo médico Ronald Farias, durante a discussão de um projeto na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). A princípio, foi afirmado que a furadeira era utilizada em cirurgias cranianas. O Simed-PB, porém, admitiu o uso também em cirurgias ortopédicas.

Outro lado

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que "vai investigar o material, visto que o vídeo exibido não tem data nem indicação de que a cirurgia tenha sido realmente realizada no Hospital de Trauma”. A Secretaria de Saúde disse também "lamentar que o Sindicato dos Médicos tenha exposto a própria categoria e espera que tanto o sindicato quanto o CRM também apurem este procedimento”.