A Jacobina Mineração e Comércio (JMC), controlada pela Multinacional
Yamana Gold, realizou um simulado de emergência em uma barragem de
rejeitos, nesta sexta-feira (22), na cidade de Jacobina, Piemonte da
Chapada Diamantina. Este é o primeiro simulado de rompimento de barragem
de rejeitos de mineração realizado na Bahia e também do Nordeste.
Segundo a mineradora, a ação despertou o interesse de 43 órgãos e
empresas para treinamento prévio ao exercício. "Esse simulado
está servindo de modelo por ser o primeiro do Nordeste. E não é o
primeiro de barragem de mineração, é o primeiro de todo tipo de
barragem, seja de hidrelétrica, de rejeitos química e de água. Outra
vantagem é que o modelo de plano de ação emergencial que a empresa criou
poderá ser utilizado pelas cidades em outras situações de risco como
enchentes e incêndios”, afirmou o superintendente Estadual de Proteção e
Defesa Civil (SUDEC-BA), Paulo Sérgio Luz. Ao BNews,
a mineradora informou que um relatório com o balanço do simulado ficará
pronto em aproximadamente 40 dias, quando a empresa analisara o que
precisará ser alterado em seu Plano de Ação de Emergência. "Vamos fazer
um novo simulado daqui a algum tempo e continuar testando as ferramentas
de alerta. A ideia é realizar um simulado por ano”, disse o diretor de
barragens da Yamana Gold, Rafael Jabor. Para Jabor, o exercício
superou as expectativas. "O primeiro objetivo era fazer com que as
pessoas se deslocassem para os pontos de encontro. Os números
preliminares mostram que das 400 pessoas que vivem nessa zona 1, onde se
corre o maior risco de perdas de vidas, nós conseguimos alcançar 270
pessoas. Este é o número bastante alto para um primeiro simulado de
emergência. Então a ideia geral foi alcançada, estamos muito
satisfeitos”, afirma. De acordo com o gerente Regional de
Segurança, Saúde e Meio Ambiente da Yamana Gold, Guilherme Araújo, os
moradores estão participando de reuniões de capacitação e o plano de
evacuação é estudado de acordo com o potencial de destruição. "Nós
fazemos um estudo simulado como se a barragem se rompesse no seu pior
cenário possível, totalmente cheia, uma situação muito diferente da qual
ela se encontra hoje, que é de apenas 24% ocupada com rejeito e 12% com
água”. Para reportagem, a JMC detalhou que o plano de evacuação
envolveu moradores de Canavieiras, Couro Velho, Pontilhão e Pontilhão de
Canavieiras. Os bairros foram escolhidos para o exercício porque estão
localizados a 7 km da barragem, na chamada zona de auto salvamento.
Outras comunidades também receberam os treinamentos de emergência
aplicados pela empresa, só não foram selecionadas para participação do
simulado por não estarem nesta área. Cerca de 400 pessoas de 150
residências foram sensibilizadas para o exercício que, também envolveu
60 colaboradores da JMC e 175 visitantes, entre órgãos apoiadores e
empresas convidadas para aprender com a experiência. Entenda como foi o exercício A
primeira etapa do exercício consistiu na equipe geotécnica simular que
encontrou, durante sua atividade diária de monitoramento, uma
inconformidade com potencial de acarretar danos à barragem. Mas, para
isso foi escolhido uma situação em que o reservatório estivesse em sua
capacidade máxima e, durante o monitoramento, fosse detectado o aumento
do nível de água no sistema. Paralelamente, calculou-se que a cidade foi
acometida por um volume de chuva maior do que o registrado nas últimas
décadas. Após determinar o nível da situação, a coordenação de
barragem e a gerência geral decidiram iniciar todas as ações do plano de
atendimento à emergência, entre elas o acionamento dos alarmes para que
a população pudesse iniciar o procedimento de evacuação. Enquanto
a comunidade se deslocava, a gerência geral, por sua vez, reuniu o
Comitê de Gerenciamento de Crise composto por departamentos internos da
empresa, além de órgãos e entidades externas. Foi instalada a estrutura
de um Posto de Comando com um coordenador da Defesa Civil municipal, um
coordenador do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração
(Paebem) da empresa, as equipes de ambulância da empresa, entre outros. Ao
lado, foram montadas tendas para que os demais órgãos participantes do
exercício pudessem acompanhar as tomadas de decisão. Na sequência do
exercício, foi simulada a interrupção do envio de rejeitos das minas, a
brigada de incêndio da empresa foi acionada, os órgãos externos como
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Instituto Do Meio Ambiente E Recursos Hídricos (Inema),
Sindicatos e Ministério Público da Bahia (MP-BA) são informados da
situação, as vias foram bloqueadas pela Polícia Rodoviária para evitar
que moradores externos entrassem em áreas de risco do acidente simulado.
A produção interna da empresa foi interrompida para direcionar os
equipamentos para desobstruir na zona de inundação projetada da
barragem. Foram adquiridos insumos e os recursos necessários para a
população, entre outras medidas até se chegar à previsão de resgate da
população. A população iniciou a evacuação para pontos de
encontro pré-estabelecidos com base no mapa de inundação da ruptura
hipotética da barragem. Um desses pontos está em frente a barragem,
outro na entrada da mina de Canavieiras, outro em frente à Embasa, um na
comunidade de Canavieiras, quatro na comunidade Pontilhão, e outro na
comunidade de Couro Velho. A população seguiu para os pontos de
encontro andando, foram instruídos a fazer o trajeto a pé, sem correr.
As famílias chegaram aos locais carregando uma pasta para acondicionar
documentos de imóveis e pessoais. As pessoas que fazem uso de
medicamento contínuo também portavam esses suprimentos. A pasta e essas
instruções foram concedidas nas palestras preparatórias do simulado. "Localizar
rotas de fuga em caso de emergência, saber como agir, ter a cultura de
emergência, estes são aprendizados que podem ser incorporados a outras
situações de risco como incêndio e alagamentos”, explica o consultor de
simulados da Vicente Alimenta, da Fire Rescue. Em cada ponto de
encontro foi montada uma estrutura para recepcionar a população com um
agente de saúde da prefeitura, um agente de segurança pública e
entrevistadores. O objetivo foi coletar dados das condições e do tempo
de chegada dos moradores para aperfeiçoar os planos de ação e municiar
órgãos como Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Para garantir o conforto
dos moradores no exercício foram instalados banheiros químicos e
fornecidos lanche e água. Compareceram ao simulado e a uma
palestra ministrada na quinta-feira (21), membros da Defesa Civil de
Alagoas, Sergipe, Ceará e de outros 10 Estados, além de representantes
da Universidade Federal da Bahia, da Ferbasa, da Petrobras, e das
empresas de mineração Caraíva, LeaGold, Vanádio, Mirabela, Nexa
Resources e Fazenda Brasileiro.
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