Um morador do município de Itabuna, a 441 km de Salvador, denuncia três policiais militares de agressão após uma abordagem em um posto de gasolina da cidade, que fica no bairro Lomanto. A ação ocorreu na madrugada de sábado (30) e foi registrada pelas câmeras de segurança o posto, que foram postadas pela vítima em uma rede social.

De acordo com o motorista William Martins Santiago, de 36 anos, ele estava com mais dois amigos no local quando seis PMs abordaram o grupo por causa do som do carro. Em contato com o G1 na tarde desta quarta-feira (3), William relatou que, ao começar a filmar a ação dos policiais, ele foi agredido por três policiais com chutes e socos.

"Eu fui buscar meu carro que estava com um amigo e nós marcamos no posto. Chegando lá, um outro amigo chegou e ligou o som do carro dele. Aí uma viatura encostou e os PMs pediram o documento do carro e a habilitação do condutor. Olharam os documentos e disseram que o carro seria apreendido devido ao som. Meu amigo tentou conversar com eles e foi a hora que eu filmei a ação dos policiais. Nós já estávamos para ir embora. Eles esperaram a viatura do órgão municipal de trânsito ir embora, foram para cima de mim e me deram voz de prisão porque eu estava filmando", conta.

Segundo William Santiago, um dos policiais deu um murro no rosto dele e o jogou no chão após perceber que ele estava registrando a ação no celular. "Depois do murro, um outro policial me pegou por trás, me jogou no chão, deu dois chutes nas costas, na cabeça e ainda pisou no meu rosto", relatou.

Ainda de acordo com o motorista, ele foi algemado e os policiais ameaçaram os amigos dele que estavam no local e presenciaram a agressão. Em seguida, os PMs teriam levado William e o amigo, dono do carro apreendido, para a delegacia. "Quando chegamos no complexo, o policial registrou no boletim de ocorrências que eu tinha dado um soco em um policial, desacatado os PMs e, aparentemente, não tinha nenhuma lesão. Depois eu fui ouvido, falei a minha versão e eles me liberaram. Aí eu recebi a guia para fazer o exame de corpo de delito", afirma. Ele ainda relatou que os policiais apagaram as filmagens do celular dele e do amigo que também teriam registrado a ação.

O motorista contou que foi para um hospital da região assim que deixou a delegacia e lá foram constatadas as lesões sofridas. "Tenho laudos que comprovam que eu estava com traumas. Eu sofri arranhões e hematomas no rosto e no pescoço por causa do coturno e por ter arrastado meu rosto no chão", afirma. Na manhã do dia da agressão, William Santiago foi ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Itabuna para fazer o exame de corpo de delito, mas o resultado do laudo ainda não saiu.

Na última segunda-feira (1º), o motorista foi ao Ministério Público para registrar a denúncia contra os policiais. "Eles pediram que eu fosse no complexo dar queixa contra os policiais. Vou pegar esse boletim ocorrência nesta quarta-feira. Entreguei também a cópia da filmagem das câmeras de segurança", contou William. "Sou trabalhador, pai de família, nunca tive passagem pela polícia e isso não justifica o que eles fizeram”, conclui.

Em nota, a Polícia Militar informou que os PMs envolvidos na ocorrência já foram identificados e uma sindicância foi instaurada para apurar o fato e a conduta dos policiais militares. A PM não informou se os suspeitos foram afastados enquanto as investigações são realizadas.

Fonte: G1.com/Ba