A polícia civil de Ichú, sob a coordenação do delegado Gustavo Ameno
Coutinho, desvendou o crime ocorrido na tarde de segunda-feira (23), na
Rua Alto da Bela Vista, no Bairro da Paz, em Salvador, quando o pedreiro
Girlazaro Silva Anunciação, 25 anos, natural de Retirolândia, foi
assassinado com três tiros. A polícia já sabe que o motorista de ônibus
coletivo, funcionário da empresa BTU, Francisco Sacramento Araújo, 28
anos, conhecido por Chico, é o principal suspeito do crime.
Segundo o delegado Gustavo Coutinho, o caso começou a ser desvendado
após uma denúncia anônima, feita a delegacia de Serrinha, que informava
sobre uma pessoa suspeita de praticar um homicídio que estaria escondida
numa fazenda no município de Ichú. "Começamos a investigar e
localizamos Marly da Mota Anunciação no Povoado do Ouricuri e ele nos
contou toda história, mas ao chegarmos ao local Chico havia fugido”,
falou o delegado.
Na delegacia, com a presença de representantes da Coordenação do
Centro de Referência, Marly contou toda a história que resultou no
assassinado de Girlazaro. Pivô do problema, ele disse que conviveu em
união estável com Chico por sete anos em Salvador. Residiam na Rua
Tancredo Neves, no Bairro da Paz. Declarou que era agredida
constantemente pelo companheiro e em um destes desentendimentos, chegou a
fraturar a mão direita e numa outra situação foi queimada por Chico com
um ferro de passar roupas e era mantida em cárcere privado até que os
hematomas causados pelas agressões desaparecessem. "Eu não aguentava
mais, conversei com ele e resolvemos nos separar. Ele foi morar com os
pais em Vila Santana, no Bairro São Cristovam em Salvador e eu permaneci
morando no Bairro da Paz”, contou Marly Mota.
Oito meses após a separação, Marly conheceu Girlazaro em uma festa de
aniversário de uma de suas primas e começou um relacionamento, passando
a morar juntos. "Nesta época Francisco estava morando com outra mulher,
mas não me deixava quieta insistindo para agente voltar”, contou.
Em depoimento ao delegado Gustavo Coutinho, Marly relatou que a
agressividade do ex-marido começou a chegar ao limite no domingo (22),
quando, acompanhado de uma amiga de prenome Priscila, foi pegar os
filhos na casa dos pais de Francisco, encontrando o mesmo no ponto de
ônibus. "Quando ele me viu, me arrastou pelos cabelos e me obrigou a
entrar no carro. Sacou um revolver, apontou para minha amiga e mandou
ela correr. Priscila saiu correndo e ele me arrastou. Levando para uma
estrada deserta começou a me agredir com coronhadas de revolveres e me
ameaçou de morte”, falou Marly.
Aproveitando um descuido de Francisco, ela saiu correndo por um
matagal até que, com ajuda de um desconhecido, chegou a Avenida Paralela
e foi andando para casa.
No dia do crime – Na segunda-feira ás 21:30, Marly
recebeu uma ligação do ex-marido dizendo que estava na porta da casa
dela e queria que ela saísse para conversar. Neste momento Girlazaro,
que ela a chama de Lázaro, estava retornando de um jogo futebol
acompanhado de alguns amigos. Francisco havia saído do carro e estava em
pé na rua. "Ao ver Lázaro, Francisco acenou para ele e chamou dizendo:
Companheiro vem aqui. Quando Lázaro foi se aproximando percebi que Chico
estava com a mão direita para trás e percebi que estava com uma arma e
mandei Lázaro correr, mas foi tarde, Chico disparou a arma, acertando
três tiros nele e um em mim que corri para lhe proteger”, detalhou
Marly. Ele disse também que Lázaro não conhecia Francisco.
Ferida por uma bala que transfixou seu braço direito, Marly disse ao
delegado que, mais uma vez, foi puxada pelos cabelos e arremessada por
Francisco dentro do seu carro. "Tudo isto aconteceu na presença do nosso
filho de cinco anos”, lembrou a doméstica.
A fuga – Com Marly dentro do carro, Chico passou na
casa dos pais, deixou a criança, pegou outra arma, tipo escopeta e
várias munições de cor vermelha. "Os familiares de Chico viram tudo isto
dentre de casa, tentaram interferi mas, ele não obedecia ninguém. Na
porta da casa dele, depois de fechar o portão eletrônico, me botou a
força no porta-malas do carro e trouxe para casa do meu pai no Ichú”,
continuou a relatar.
Ao chegar à Fazenda Ouricuri, determinou que Marly não o deixasse ser
vista por ninguém e pediu a um agente de saúde conhecido por Célio que
levasse remédio para ela, porém o pedido, segundo Marly, não foi
atendido. Ele contou ainda que Francisco ficou escondido na região até
quarta-feira (25) e fugiu numa moto Fam preta, p/p JQL 8978. "Quando ele
saiu, liguei meu celular, falei com uma amiga e ela me falou que Lázaro
havia morrido”, chorou Marly.
Momento de tensão – Para Marly, um momento de grande
tensão foi quando em um determinado momento da viajem, ele parou o
carro numa estrada vicinal, o fez descer, tira toda roupa e apontou a
escopeta para sua cabeça dizendo que ia mata-la. "Neste momento eu fiz
um apelo em planto, dizendo que tinha dois filhos para criar e que não
me matasse. Foi muita grande a tortura psicológica que sofri até que ele
impôs uma condição: Que eu dissesse à justiça que ele havia matado
Lázaro para se defender e eu concordei. Só assim me levou até a casa do
meu pai”, afirmou.
Marly continuou relatando o fato e confirmou que chegaram à casa do
seu pai 01h da madrugada de terça-feira e que o carro do marido é um
Ford Escort de cor verde, quatro portas e está uma garage na cidade de
Ichú, inclusive com a escopeta.
Sob proteção – Após ser ouvida na delegacia de
Conceição do Coité, onde Gustavo Coutinho é o delegado titular, Marly
deixou a cidade acompanha pelos técnicos do Centro de Referência da
Mulher que o deixaram em um local seguro garantindo sua vida, pois ela
disse que está jurada de morte pelo ex-marido. O caso está sendo
apurado pelo Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa e todas
estas informações serão enviadas pela Delegacia de Coité para aquela
especializada.
Fonte: Calila Notícias
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