O medo se instaurou na creche municipal Ieda Barradas, localizada no Iguatemi, em Salvador, após um homem não identificado ligar para o local e ameaçar funcionários e crianças da unidade. Segundo a diretora da escola, Linenalva Queiroz, as ameaças são sexuais e ‘bem pesadas’, tanto que ela mesma evitou falar sobre o assunto, alegando estar diante de crianças. Ela conversou com o Bocão News na manhã desta quinta-feira (23) por telefone.

O tom da conversa, inclusive, foi cheia de tensão. Do lado de lá, muita desconfiança e poucas informações. A diretora acredita que o homem pode ser alguém do convívio escolar, já que é capaz de identificar a roupa que a pessoa está vestindo no momento da ligação, bem como o comportamento. Ao ser perguntado se a creche recebia ajuda do município nesse sentido, Linenalva abandonou o telefone e desatou a chorar.

A ligação foi retomada com a vice-diretora do local, Aline Assis, de 33 anos. Também desconfiada, Aline falou pouco, mas afirmou que a diretoria solicitou ronda da polícia militar no local e contou como as ligações acontecem. "Ele liga geralmente no período da tarde, mas às vezes é o dia todo. Isso acontece desde março”, diz.

Algumas aulas da creche Ieda Barradas foram suspensas por questões de segurança. Segundo Aline, além das ameaças por telefone, a escola é fragilizada. "Não temos muro, só alambrado. É uma área externa e muito exposta”, diz. A creche funciona onde era o antigo Instituto de Assistência e Previdência do Servidor do Estado da Bahia (Iapibseb).

Já no fim da conversa, aparentando exaustão sobre o assunto, Aline desligou o telefone sem responder a um último questionamento.

Visita da secretaria de educação

O secretário de educação do município, João Carlos Bacelar, já está ciente das ameaças sofridas pelos funcionários da creche e garantiu que ainda hoje visita o local para levantar os problemas da unidade. "Pela minha experiência, essas ligações são trotes. E não acontece só lá. Nós recebemos denúncias parecidas vindas de outras unidades escolares”, afirma o secretário, que prometeu não negligenciar o caso.

"Esse é um assunto que precisa ser tratado com muito cuidado. Não posso instalar o pânico na comunidade escolar, mas também não posso deixar de tomar as medidas preventivas”, disse.

No entanto, sobre as reformas para melhorar a segurança da creche, o secretário diz que ficará para o segundo semestre deste ano. Segundo ele, das 430 unidades de todos os tipos, 200 foram reformadas nos últimos dois anos. "É um prédio antigo e do governo do estado. Infelizmente temos esses problemas, mas vamos resolver”, assegurou.

A respeito da ronda escolar na localidade, a reportagem enviou um email para a assessoria de imprensa da polícia militar, mas ainda não obteve retorno.

Fonte: Bocão News