
"A
pior seca do século: Não deixe o campo morrer”. Esse foi o tema de um debate realizado na manhã desta segunda-feira
(15) no teatro da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), em Feira de Santana, e
que também esteve presente no discurso dos representantes de governo de
diversas cidades da região e principalmente dos trabalhadores rurais, que após
o debate seguiram em passeata pela rua Conselheiro Franco até a frente do Banco
do Nordeste, onde depositaram carcaças de animais mortos.
"Essas carcaças simbolizam as perdas que estamos
tendo em decorrência da seca prolongada. Estamos aqui para cobrar das
autoridades a resolução das nossas propostas. Queremos mais celeridade, pois a
solução só está no papel”, afirmou o presidente dos Produtores Rurais, Carlos
Henrique, acrescentando que outras mobilizações serão realizadas no interior do
estado.
Participou do debate o deputado federal Colbert Martins; o deputado estadual
Carlos Geílson; o vice-prefeito de Feira de Santana, professor Luciano Ribeiro,
representando o prefeito José Ronaldo de Carvalho, que estava em outro
compromisso em Salvador; o secretário municipal de Agricultura e Serviços
Hídricos, Ozeny Morais, além de prefeitos e representantes de outros
municípios, vereadores, representantes de sindicatos rurais e agricultores.

O deputado estadual, Carlos Geílson, criticou a falta de representantes
do governo estadual no debate e pediu que os governantes visitassem os locais
que estão sofrendo com a seca, para que vejam o sofrimento de perto. De acordo
com ele, o investimento deve ser prioridade. "Estive na cidade de Queimadas e
pude testemunhar o sofrimento do homem do campo. Queremos que o governador saia
do seu gabinete e olhe o que o povo está passando”, disse.
O deputado
federal Colbert Martins observou que o centro de Feira de Santana está sem
movimento, por causa da seca. Ele cobrou mais investimentos. "A economia está
destruída. Lá em Brasília estou levantando a voz, pois o que foi colocado em
Feira até agora pelo governo federal é muito pouco. Precisa ter água
imediatamente. Precisamos trabalhar rápido, pois não podemos esperar o que vai
acontecer”, afirmou.
Wilson Paes
Cardoso, prefeito da cidade de Andaraí, destacou que a Bahia está vivendo a
pior seca da história. Ele disse que está preocupado, pois a meteorologia não
indica nenhum sinal de chuva. O prefeito ainda reclamou da falta de apoio do
banco do Nordeste, que segundo ele, está movendo ação para cobrar dos
produtores rurais as dívidas que eles não estão conseguindo pagar. 
"Já não tem mais um gado na região da Chapada Diamantina. Há mais de um
ano que não chove e o pior está para acontecer. Estamos em um momento de
calamidade pública em alguns municípios do Estado. A seca está trazendo doenças
como diarréia, além da instabilidade emocional das famílias. Precisamos de
ações emergenciais para evitar óbitos humanos, porque os animais já estão
morrendo”, ressaltou.
A sindicalista
Conceição Borges observou que a seca é um problema que atinge não apenas o
homem do campo, mas também a zona urbana. Apesar das previsões climáticas, ela
disse acreditar que Deus irá mandar as chuvas.
"Até então, a
seca parecia ser uma coisa só dos trabalhadores rurais, mas ela já incomoda e
já traz sofrimento e perda para todos. Essa seca já estava prevista, mas não se
acreditou e não se preparou para enfrentá-la. Qualquer medida que venha a ser
tomada não terá êxito se não tiver chuva. Se o campo não planta a cidade não
janta”, pontuou. 
Mês de mobilizações
O presidente dos
trabalhadores rurais de Feira de Santana, Zé Grande, informou que caso a pauta
de reivindicações do sindicato não seja atendida, será organizado um mês de
mobilizações em Feira de Santana, que seguirá até o próximo dia 15 de maio.
Segundo ele, no ano passado foram encaminhadas várias pautas, mas até então
nada foi resolvido.
"A gente vê
anunciar que estão liberando milhões, mas nada chega aos trabalhadores, estamos
cansados de esperar. Vamos encaminhar pautas de reivindicações e aguardar uma
resposta dos governos, caso a resposta não seja a esperada nós vamos fazer uma
grande mobilização, ocupando vários espaços da cidade”, afirmou.
De acordo com Zé
Grande, as principais reivindicações do sindicato são: distribuição de cestas
básicas, frente de trabalho, perdão das dívidas, construção de açudes, limpeza
de tanques, além da construção de barragens subterrâneas, entre outras. Fonte: Acorda Cidade |