O Exército Brasileiro, responsável pela execução do Programa “Operação Carro Pipa”, convocou os municípios cadastrados assim como os demais interessados em fazer parte ou obter maiores informações, a participarem de uma reunião na última quarta-feira (29), na sede do 35º Batalhão de Infantaria, localizado na cidade de Feira de Santana.
Durante os dois períodos diurnos o Major Pires - responsável pelo comando dos trabalhos nas cidades da nossa região - levou para os presentes informações sobre o andamento das atividades, tirou dúvidas e focou a maior parte da sua fala nos gargalos que o Exército Brasileiro tem encontrado para cumprir a sua missão. Por sua vez, os representantes dos municípios também apresentaram suas principais demandas.
Segundo o Major Pires, dados de 2011 a 2014 mostram que o número de pessoas atendidas chegou a 250 mil apenas em sua área de atuação, com 3.300 pontos de abastecimento. Mas as dificuldades são muitas a exemplo do pouco efetivo de homens, haja vista que durante a greve da Polícia Militar, a Copa do Mundo e os conflitos no sul da Bahia a presença militar foi solicitada e esses fatores, segundo ele, contribuíram para a defasagem diagnosticada em alguns períodos.
Acompanhe agora trechos da explanação do Major Pires:
“O Exército Brasileiro precisa do apoio dos senhores e senhoras, e principalmente dos gestores dos seus municípios, a fim de que o produto (água) possa chegar ao destinatário, ou seja, nas pessoas que estão sofrendo os efeitos da estiagem prolongada. Estamos enfrentando inúmeras situações que estão em desacordo com o propósito do programa, dentre esses percalços podemos citar as dificuldades dos municípios em proporcionar as condições ideais para que os militares possam atuar; ausência de atuação consistente das COMPDECs – Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil - tanto no sentido da fiscalização quanto no cuidado para com a manutenção da qualidade da água nos mananciais, e claro, as graves denúncias de corrupção envolvendo agentes ligados diretamente ao programa.
Sobre o fator corrupção posso informar aos senhores e senhoras que a grande maioria das fraudes estão relacionadas com a figura do Pipeiro, como é chamado o condutor e/ou proprietário de carro pipa. Atualmente estamos com 5 sindicâncias abertas para apurar denúncias de fraude que vão desde o recolhimento ilegal dos tickets, passando pelo pagamento de propinas entre os agentes envolvidos (sejam militares ou não) e culminando com violação do lacre que atesta a qualidade do tanque que irá transportar a água”, Disse ele.
O comandante ainda enumerou algumas orientações de ordem técnica para os municípios ali representados, ressaltando a necessidade do esforço conjunto como único meio de reduzir drasticamente as problemáticas identificadas.
O município de Capim Grosso, que há aproximadamente um ano está fora do programa Operação Carro Pipa, esteve representado pelo vereador Samuel Moto Táxi. O edil acompanhou atentamente as explanações e orientações e ao final conversou pessoalmente com o Major Pires levando até o seu conhecimento as demandas oriundas da zona rural, em especial quanto aos clamores das pessoas que o procuram para solicitar um “carro pipa” a fim de prover as necessidades de suas respectivas famílias.
Após se inteirar da situação do município, o legislador se comprometeu em levar essas demandas para a tribuna da Câmara de Vereadores e fazer o chamamento ao poder executivo que direcione os olhares para esta questão primordial da sobrevivência humana.
Após participar da reunião e acompanhar de perto todos os procedimentos apresentados, a equipe do Grupo Jorge Quixabeira conversou informalmente na manhã desta quinta-feira (30), com o senhor Antônio Martinho, o popular Nêgo do Lajedo, Secretário de Agricultura do Município. De acordo com ele a situação do abastecimento de água para a zona rural é considerada estável em virtude dos reservatórios públicos e privados ainda apresentarem volumes consideráveis de água e também não haver uma grande demanda por abastecimentos através dos carros pipas. “Esta semana, por exemplo, distribuímos todas as autorizações para abastecimento de água, o que deve melhorar ainda mais a situação em alguns aspectos”, disse ele.
Porém o secretário reconheceu que se não houver chuvas nos próximos 15 dias, aliado ao aumento da temperatura, a tendência é que as águas evaporem mais rapidamente e aí sim, será preciso buscar alternativas, e o programa pode ser uma delas. “Eu já estou inteirado quanto aos procedimentos e farei os devidos contatos para obter ainda mais informações a fim de estar preparado para as situações adversas”, completou ele.
Fonte: Da redação/Repórter Milton Santos. |