Sócios da Antonius Cerimonial fugiram com aproximadamente R$ 120 milO escritório onde funcionava o buffet Antonius em Matatu, Brotas, está
fechado. Um segurança viu quando o promotor de festas Antônio Carlos
Assis Costa, chegou com o sócio José Dirceu Alves dos Santos, o Júnior,
na madrugada de quarta (16), e retirou todos os móveis e a papelada do
lugar. A Kombi que fez a mudança estacionou três vezes em frente ao
prédio na rua Alberto Torres. Foi a última vez que os dois homens que
estão sendo procurados pela polícia por aplicar golpes em Salvador
foram vistos. Eles carregavam cerca de R$ 120 mil, dinheiro fruto de
golpes em universitários, noivas e debutantes.Entre as vítimas
dos dois sócios da Antonius estão 16 alunos de uma turma de formandos
do curso de engenharia da Unifacs. A cerimônia marcada para a próxima
sexta-feira (25) seria realizada pela empresa, que cobrou cerca de R$
4,2 mil para cada estudante. 'O preço deles era só um pouco menor do
que o de outros buffets. Não era o caso de pensar que eles cobravam tão
abaixo do mercado que levaria a gente a desconfiar. Era um preço
competitivo', contou o estudante Geovani Santana de Deus, 30, como quem
procura entender o motivo de ter caído no golpe dos dois
cerimonialistas.Aos estudantes, Antonio contou que havia
alugado a casa de shows Cais Dourado por R$ 10 mil. Os cheques para
pagar o espaço foram sustados e os estudantes descobriram uma semana
antes que não teriam festa para comemorar a formatura. 'Era um grande
sonho. Estudamos em um curso caro, dificil de concluir, e a nossa
redenção seria nossa festa. Além do golpe ter sido perverso, o triste é
saber que seis dos nossos colegas não terão condições de pagar outra
festa', disse o estudante.Surpresa ruim após solenidadeAs
engenheiras de telecomunicações Jéssica Martins, 26, e Izabele
Ressurreição, 27, não imaginavam que eram as próximas vítimas do golpe
aplicado pela dupla da Antonius. Elas descobriram, ao deixar o Centro
de Convenções, no último sábado (19), que o salão de festas que
receberia familiares e amigos para celebrar o tão aguardado canudo não
estava organizado. Cada uma havia pagado R$ 4 mil e confiado nas
inúmeras referências de amigos e na aparente experiência da empresa.'Minha irmã havia ido a um
casamento que eles organizaram e disse que havia sido lindo, tudo muito
bem organizado. Amigos também já haviam ido em outros eventos,
formaturas, inclusive. Alguns diziam que eles eram um pouco enrolados
com questão de prazo, na nossa primeira reunião chegaram duas horas
atrasados, mas ninguém sabia de nada tão grave', contou a engenheira
Izabele.Apesar dos indícios de que algo não corria bem, Izabele
e Jéssica estavam empolgadas com a formatura. 'Por volta das 13h, o
entregador foi levar as bebidas e ligou contando que não havia ninguém
pra recebê-las. Como a festa estava marcado para as 22h, e não havia
muita coisa para arrumar, já que o salão tinha tudo, não desconfiamos.
Apenas quando saímos da solenidade foi que o responsável pelo salão de
festas Solar Majestoso, na Ribeira, ligou alertando minha família',
contou a recém engenheira. 'Chorei muito', finalizou.Izabele
foi com familiares até a Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outras
Fraudes (DREOF), na Baixa do Fiscal, e prestou queixa contra Antônio
Carlos e José Dirceu. 'Inexplicavelmente, não havia nada contra eles.
Exceto por atrasos de pagamentos de alguel no valor de R$ 5 mil e da
parcela do carro, não havia nada', disse Izabele. 'Espero que todas as
vítimas prestem queixa, mas não acredito que vou ter o dinheiro de
volta'.
Golpe em noivas
A
enfermeira Meíse Nascimento, 28 anos, estava com a data do casamento
marcada para o dia 9 de abril. Após entrar em contato com a empresa
Antonius, em dezembro do ano passado, conseguiu reduzir o valor a ser
pago pelo buffet completo de R$ 19 mil para R$ 15,6 mil. 'No primeiro
dia ficamos muito felizes, ele [Antonio] parecia entender bem da
organização de um casamento, conseguimos baixar o preço. No mês
passado, senti ele muito tenso, não lembrava de coisas que havíamos
combinado', contou Meíse.
A descoberta de que não teria a
festa organizada pela empresa foi feita na festa de casamento de uma
colega de trabalho. A enfermeira, que casou no sábado (19), havia se
arrumado no mesmo salão de uma noiva vítima do mesmo golpe. 'Minha
amiga me disse que ele tinha sumido com o dinheiro dessa noiva sem
organizar nada e estava desesperada', disse Meíse. O valor, pago à
vista, sumiu junto com o pagamento de outras tantas celebrações
agendadas para acontecer em março e abril. 'Foi o orçamento mais em
conta. Ele prometia DJ, iluminação, bebida. Nos sentimos confortáveis',
disse.
A noiva que caiu no golpe de Antonio e seu sócio Júnior
foi a funcionária da Petrobras Ana Carolina Melo. Em lua de mel em
Montevidéu, no Uruguai, Ana Carolina tenta realizar parte do seu sonho
planejado com cuidado e esquecer a véspera do seu casamento. 'Ela
descobriu na sexta-feira (18) à noite, um dia antes da festa, e entrou
em contato com alguns amigos que prontamente ajudaram ela', contou sua
mãe, Dulce Melo.
Assim que descobriu que os donos da empresa
Antonius haviam fugido com cerca de R$ 30 mil pagos pela buffet, ela
ligou para uma amiga que trabalhava em um buffet e explicou a situação.
'Por sorte ela descobriu antes. Alguns buffets se juntaram e cederam a
comida, flores, organizaram tudo em cima da hora. Foi o casamento mais
bonito que eu já vi. Ele não conseguiu estragar', contou Dulce. 'Eu
quero que ele seja preso e passe o susto e a decepção que minha filha
passou', disse. Fonte: Correio |